25 de novembro de 2024
Leandro Mazzini

A Operação Caixa

A ex-ministra do Planejamento Miriam Belchior é a mais cotada para assumir a presidência da Caixa Econômica Federal, em lugar do atual presidente Jorge Hereda.

Miriam pediu à presidente Dilma Rousseff para deixar o Ministério do Planejamento, por motivos pessoais. Seria encaminhada ao comando do SESI – o PT acaba de aposentar Jair Meneguelli do cargo, o amigo do peito de Lula no comando desde 2003 – mas numa manobra mais rápida o ex-presidente da República convenceu Dilma a colocar no comando do Sistema S o ex-ministro Gilberto Carvalho.

A dança das cadeiras não para nisso. Sem emprego, Miriam Belchior estava em segundo plano. O mais cotado para a presidência da Caixa era Jorge Mattoso, o economista formado na Unicamp ex-presidente do bancão estatal de 2003 a 2006, no primeiro governo Lula. Mas ele recusou o cargo ao saber, em primeira mão, do plano de abertura de capital da Caixa para o mercado. Ele é contra, e deixou isso claro para Lula e Dilma. Miriam, então, voltou ao topo da lista da dupla petista que manda no País.

Há algo curioso na abertura do capital da Caixa. Mostra o desespero do governo para reforçar o seu caixa no Tesouro em tempos de crise, enquanto Dilma não ‘corta na carte’ – os custeios do governo continuam altos, com 39 ministérios e milhares de cargos em comissão. Prefere, assim, tomar caminhos menos ortodoxos na lei do mercado: em vez de economizar, busca alternativas de vender o que tem. Cairá assim, desde já, numa contradição e no alvo dos rivais do PSDB. Dilma acusava os tucanos de querer privatizar a Caixa e o BB. Agora, de certa forma, se entrega ao plano para salvar o cofre do País, por ora. 

Missão dada…

Embora a assessoria negue, há grande possibilidade de o general Fernando Azevedo e Silva deixar o comando da APO – Autoridade Pública Olímpica, responsável pelo controle e organização dos investimentos federais nos Jogos Olímpicos de 2016 no Rio de Janeiro. Imprimiu disciplina de quartel general no órgão, empregou muitos militares. Quando entrou, o general chegou a dizer para os aliados e funcionários que ‘missão dada é missão cumprida’. A se concretizar sua saída, a pergunta que fica é como concluir uma missão a um ano do evento. O potencial substituto, corre no Planalto, deve ser Thomas Traumann. 

Marcha no paraíso

A marcha dos líderes mundiais por Paris, em solidariedade aos mortos no atentado à redação da Charlie Hebdo, mostrou-se um episódio pertinente.

Marchar em uma Paris segura e lotada de agentes policiais contra o terrorismo é fácil, lindo, elegante, romântico. Todos depois vão para os melhores restaurantes abrir champanhes, dar uma passada ao crepúsculo nos cafés para um chá, com vista para a Torre Eifel, e também visitar boutiques na Champs Élysées. Completam a noite em jantares entre amigos nos seus apartamentos de férias no Ilê Saint-Louis, comprados não se sabe com que dinheiro.

Nos últimos dois anos, nenhum desses líderes mundiais reuniram-se para marchar contra o terrorismo e a liberdade de imprensa em Bagdá, Cabul, Damasco ou Cidade do México, metrópoles de países muito distantes de Paris, onde morreram milhares de vítimas do terrorismo, e também algumas centenas de jornalistas


Leia mais sobre: Leandro Mazzini