23 de dezembro de 2024
Leandro Mazzini

A lição do Zé

Enquanto o Brasil anda de primeira marcha por estes dias em todos os setores, engana-se quem pensa que os políticos, mesmo de recesso, estacionaram as articulações. Muitos congressistas estão em Miami, o bairro de Brasília mais distante da capital. É no verão, pelas casas de praia por lá e aqui, que os caciques partidários dão largada nas conversas para as campanhas a cada dois anos.

Não seria diferente agora. Aécio Neves e Eduardo Campos estão mais sintonizados. O PSB e o PSDB vão caminhar juntos no Paraná, Minas, Pernambuco. A Paraíba ainda é dúvida. O presidenciável tucano quer convencer o senador Cássio Cunha Lima (PSDB) a voltar ao palácio. Do contrário, Cássio será um dos coordenadores da campanha nacional do mineiro.

Dilma Rousseff colou no ex-presidente Lula e tem ouvido diariamente, pessoalmente ou por telefone, orientações do mestre para não tropeçar na barganha pré-eleitoral por tempo de TV – coisa que ele sabe fazer muito bem. Randolfe (PSOL), sacramentado pelo partido, já conversa bem com o jornalista Cid Benjamin, que coordenará a empreitada socialista radical.

Dilma e Lula tratam com muito cuidado todos os partidos aliados para não perdê-los. O assédio de Aécio e Eduardo é grande, cada qual a seu modo. Os petistas lembram muito uma lição do saudoso José Alencar, o vice do petista, numa negociação em 2010. Dilma enrolava o PRB, com quem ainda não negociara, e a campanha estava prestas a começar. Enquanto isso, o opositor José Serra (PSDB) ciscava no terreiro da base petista e paquerava a legenda. A cúpula descontente do PRB se reuniu no apartamento de Alencar em São Paulo, e o velho disparou um telefonema de imediato para Lula, cobrando uma posição da candidata. Em uma hora, estavam no apartamento Dilma, José Eduardo Cardozo e Aloizio Mercadante, sorridentes, para abrir o diálogo.

Alencar acompanhou tudo calado. Dilma estava reticente em ceder espaço, e a dupla submissa a ela fazia o jogo. Até que um dos petistas se exaltou: ‘Quanto tempo de TV tem o PRB?’, para indicar que o partido não era tudo aquilo que valia de apoio à ocasião. Então Alencar suspirou e mandou: ‘Meu filho, o Enéas, quando candidato, tinha 15 segundos, só gritava Meu nome é Eneas, e teve milhões de votos. O PRB tem um minuto. Imagina se eu uso esse tempo na TV em rede para falar: Eu sou Serra!’.

Panos quentes, foi a vez de Dilma interromper e fechar com o PRB de pronto.


W.O. presidencial

Essa aconteceu na cobertura presidencial em São Bernardo do Campo, só os seguranças da ocasião sabem e virou um segredo de Estado.

Numa tarde de domingo, o então presidente Lula, torcedor apaixonado do Corinthians, vestiu o bonezinho, camiseta, chinelões e subiu para o terraço com a latinha de cerveja gelada para assistir ao jogo. Mas não encontrava o canal. Apertava aqui e ali o controle e… nada. Canal não encontrado, nem no pay per view.

Aí chamou os seguranças para o ajudarem e ninguém conseguiu. Àquela altura o jogo já começara, o homem bufava de raiva e gritos de ordens. Houve aquela correria de ajudantes sem saber o que fazer. A primeira-dama Dona Marisa subia a escada para ver o que ocorria e voltou no sapatinho ao ver que sobraria também para ela.

Quando descobriram que o ecônomo presidencial (que cuida do cartão e compras) esquecera de comprar o pacote de jogos do fim de semana. Sobrou para ele.


 

Ponto Final

E o ano começa amanhã. Boa sorte a todos!

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Com Maurício Nogueira, Luana Lopes e Equipe DF e SP


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