23 de dezembro de 2024
Leandro Mazzini

A Justiça intimidada

O adiamento do julgamento do caso Manoel Mattos na Paraíba não foi mera estratégia do MP Federal e dos advogados de acusação contra os pistoleiros que mataram o militante petista. O script sigiloso é tenso, triste e envolve trama digna de cinema, com intimidação e assassinato patrocinados por grupos de extermínio.

A maioria dos jurados alegou problemas de saúde às vésperas do julgamento dos assassinos, marcado para 5 de Dezembro. Foi o segundo adiamento. Dia 18 de Novembro o Júri já fora suspenso por falta de quórum – de 25 sorteados, só 18 foram notificados e, no dia, 7 sumiram de João Pessoa.

Advogados e promotores de todo o Brasil, e a Corte Interamericana de Direitos Humanos estão de olho no julgamento. O processo é o primeiro federalizado do País. O pernambucano Manoel Bezerra de Mattos Netto, advogado de causas sociais, foi assassinado a tiros no litoral Sul da Paraíba em 2009. Os pistoleiros foram presos, mas os mandantes ainda são um mistério. O fracasso da tentativa de julgamento consolidou a suspeita de que algo anda muito errado.

É fato. Numa recente operação policial no Estado, sem qualquer ligação com o caso Mattos, os delegados descobriram com um bandido a lista completa dos jurados do caso, seus endereços e telefones. A lista explica o temor do Júri. Com a forte suspeita de tentativa de cooptação ou intimidação, os procuradores alertaram uma desembargadora do Tribunal Regional Federal da 5ª Região, que concedeu liminar suspendendo o julgamento.

Não bastasse a Justiça intimidada, fatos criminosos recentes tornaram o clima mais tenso. Semana passada, foi assassinado em Pedras de Fogo, no interior da Paraíba, o primo do pistoleiro Sérgio Paulo da Silva, que prometera abrir o bico no tribunal, segundo reportagem de Humberto Lira e Ainoã Geminiano, do Correio da Paraíba. Para a polícia, foi um recado dos verdadeiros contratantes do matador.

A data e o local do novo julgamento dos cinco pistoleiros réus serão decididos pela Terceira Turma do TRF, e o júri todo deve ser substituído. Não se descarta escolta policial para cada um dos jurados até o dia do novo julgamento. O caso da lista está sob investigação da PF sob sigilo.


Tentáculos do crime

Eis uma prova de que o PCC, a conhecida facção criminosa paulista, cravou filiais internacionais e poderosas na Bolívia, de onde vem, segundo a polícia, grande parte da cocaína vendida no Brasil. Foi demitida na Quinta a juíza Valeria Salas, do Tribunal Liminar do 8º Magistrado. O processo dela se arrastava há seis meses, quando chegaram ao Tribunal Disciplinar do Conselho Judicial denúncias de que ela recebeu propina para sentenciar a liberdade do traficante brasileiro Marco Aurelio Gutierrez. Segundo autoridades locais, membro do PCC. Curiosamente, o advogado da juíza afastada é o mesmo do bandido. Trata-se do filho de um embaixador influente, morador de Santa Cruz de La Sierra, dono de uma faculdade de Medicina.

Piada hermana

Por falar na Bolívia, o Senado acaba de aprovar o senador Roger Pinto Molina para o cargo de Secretário de Política Financeira, Monetária, Tributária e Seguros para este ano. É o similar à Comissão de Assuntos Econômicos do Senado brasileiro. A piada é que Pinto Molina fugiu para o Brasil, perseguido pelos aliados de Evo Morales, a quem faz oposição. E não pisa lá, ameaçado de morte.

Ponto Final

É uma maratona de cargos.. Depois do Especialista em Revezamento de Tocha (isso mesmo), o Comitê Rio 2016 abriu vaga para Especialista em Aquisição de Uniformes..


O premiê e o velhinho

Certo dia o então premiê britânico Tony Blair, na pose de um dos homens públicos mais importantes do mundo, visitou no subúrbio de Londres um centro de inclusão digital. Sob os holofotes da imprensa, sentou-se ao lado de um senhorzinho no alto de seus 80 anos que aprendia empolgado as maravilhas da internet. O desconhecido demonstrou-se apreensivo e incomodado ao lado de Blair, e ouviu do premiê:
– O senhor não precisa ficar assim só porque está ao lado do primeiro-ministro…
E o velhinho, direto para ele:
– Não estou nervoso porque o senhor está ao meu lado. Estou porque eu descobri que sei muito mais de internet que você, o senhor é o premiê e eu estou desempregado.

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Com Maurício Nogueira, Luana Lopes e Equipe DF e SP


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