24 de novembro de 2024
Política

A ‘greve branca’ de Jardel e Valin contra Marconi

Poucos notaram, mas começou na Assembleia Legislativa uma segunda ‘greve branca’ de vários tucanos contra o governador Marconi Perillo. Mesmo com deputados em plenário, lideranças do governo não tem se esforçado para aprovar projetos do governador que chegam à Casa. Na terça-feira, 16, e na quarta-feira, 17, tucanos incentivaram deputados a pedir verificação de quorum para, em seguida, encerrar a sessão sem votar projetos importantes vindos do Palácio das Esmeraldas.

Tudo tem relação direta com a reforma do secretariado que Marconi está tocando aos poucos. O atual presidente Jardel Sebba e o futuro presidente Helder Valin, ambos do PSDB, estão insatisfeitos com a reforma. Sobretudo, com a saída de José Luiz Bittencourt da Agecom, feudo dos dois tucanos. E também com o medo de um pesadelo: que João Furtado, desafeto de Jardel, seja o escolhido para suceder
Bittencourt. Vão, a exemplo do que já fizeram este ano em outro momento, pressionar o governo com ações pontuais na Assembleia. Uma delas: Helder Valin deixou a liderança do governo sem necessidade. Ele só assume a presidência da Casa em fevereiro. Até lá, poderia continuar no posto que exerceu no governo Alcides e no início desse terceiro mandato de Marconi. Mas a questão é que não deseja mais liderar esse governo. Quer deixar clara sua insatisfação com tudo.
 
Esse é o segundo movimento de Jardel e Valin contra Marconi em menos de seis meses. Em maio, no auge da crise moral que abateu o governo, Jardel apresentou um projeto em que exigia que somente poderiam ocupar cargos no primeiro e segundo escalões do governo quem já tivesse disputado alguma eleição na vida. A ideia era desmoralizar o governo, retirar quem Jardel não queria e manter seus feudos. O projeto não foi adiante a partir do momento em que Jardel conseguiu o que queria.
 
Nesse momento pós-eleições, em que a oposição esmagou os candidatos do governo na maioria das grandes cidades, é sintomático que o cargo de líder do governo foi oferecido a todos os quase dez parlamentares do PSDB e nenhum sequer cogitou aceitar. Nem mesmo Túlio Isac, espécie de cão de guarda do governador. Túlio sentiu o golpe na eleição para vereador. Seu filho, que leva seu mesmo nome, fez toda a campanha com uma foto colada à do governador. Além de ser rejeitado explicitamente na campanha de rua, o filho de Tulio terminou a eleição com 2158 votos. Líder do PSDB na Assembleia, Túlio sentiu na pele que a rejeição ao governador acabou
sendo transferida para ele e seu filho-candidato. Tanto que seus discursos pós-eleição na Assembleia e na imprensa não são mais de defesa de Marconi. São apenas de ataques à oposição e ao governo federal.
 
O novo líder do governo é Helio de Sousa (DEM). Hélio é um nome provisório, que dura até fevereiro, quando assume a vice-presidência da Casa e terá de renunciar ao posto de liderança. Em sua primeira semana à frente da liderança do governo, Helio seguiu a cartilha de Jardel e Valin, não se importando muito com a não-votação de projetos do governo. Não fez nenhuma intervenção e deixou a sessão correr solta. Marconi ainda tem dois anos e três meses de mandato, mas o café que lhe é servido em um local que sempre dominou já está bem frio. Ou volta a ser refém de seus “aliados” no legislativo ou se acostuma com um final melancólico de mandato, em que pode não ter condições nem de indicar um nome para concorrer em seu lugar em 2014.

Na foto, Helder Valin e Jardel Sebba se cumprimentam no dia da eleição do primeiro para a presidência da Assembleia Legislativa de Goiás. Registro fotográfico de Léo Iran com edição do Diário de Goiás


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