Faltando quase um ano para o início da campanha eleitoral de 2026, 61% dos brasileiros afirmam ser contra votar em candidato a presidente da República que prometa anistiar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) de eventuais condenações. A rejeição popular a um possível perdão foi revelada em outro desdobramento da pesquisa Datafolha divulgada este fim de semana.
O dado acende a luz de alerta para ao menos quatro governadores pretensos candidatos a herdeiro do espólio eleitoral da extrema-direita liderada por Bolsonaro, no ano que vem: Tarcísio Freiras (Republicanos), de São Paulo, Romeu Zema (Novo), de Minas Gerais, Ratinho Jr, do Paraná (PSD), e o goiano Ronaldo Caiado (UB).
Todos eles defendem anistia a Jair Bolsonaro e a outros que participaram dos atos e da trama golpista, mesmo com as investigações apontando uso de armas e plano de morte. Esses governadores estiveram inclusive em manifestações que pediam a anistia do ex-presidente, acusado de tentativa de golpe de Estado que contou com plano de matar autoridades, entre outros crimes analisados em ação penal que transcorre no Supremo Tribunal Federal (STF).
Na sexta-feira (1º), em debate promovido pelo jornal O Globo, Caiado reiterou esse apoio. Ele chegou a defender como primeiro ato, se for eleito, dar o perdão, citando uma “anistia ampla, geral e irrestrita”.
Ausências nas mobilizações pró-anistia deste domingo
Neste domingo, entretanto, nenhum dos quatro governadores foram vistos nas manifestações promovidas pelo PL pedindo anistia e respaldo às chantagens dos Estados Unidos contra o Brasil em favor de Bolsonaro. O governador de São Paulo divulgou que faria uma cirurgia no domingo. Caiado não participou, nem divulgou o ato que ocorreu em Goiânia, como geralmente faz em suas redes sociais. O mesmo ocorreu com Ratinho Jr e Zema, que teria agenda no interior de São Paulo e era cotado para a mobilização na Avenida Paulista.
Os que dariam aval a candidatos dispostos a perdoar golpistas não chegam a 20%
O Datafolha aponta que 19% dos entrevistados votariam “com certeza” em um candidato favorável ao perdão para pessoas condenadas por envolvimento em tentativas golpistas. Outros 14% responderam que talvez votassem em nomes a favor dessas bandeiras. E 6% não souberam responder.
Ratinho Jr não se comprometeu diretamente em conceder indulto para Bolsonaro, mas se declarou a favor da anistia para os golpistas condenados por envolvimento no 8 de Janeiro.
Embora constitucionalmente a concessão de indulto seja uma prerrogativa do presidente da República, o STF abriu precedente contrário à validade desse dispositivo em casos de atentado contra a democracia. Exemplo disso ocorreu no episódio em que Bolsonaro concedeu indulto ao ex-deputado federal Daniel Silveira, mas, em votação no plenário, os ministros do STF cassaram o decreto e restabeleceram a pena do ex-parlamentar que voltou à prisão.
A pesquisa Datafolha foi realizada entre os dias 29 e 30 julho. Foram ouvidas 2004 pessoas. A margem de erro do levantamento é de dois pontos percentuais para mais ou menos.
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