O lançamento nacional do livro “60 anos do golpe: gerações em luta” acontecerá em Goiânia no dia 1º de abril. O evento será no Auditório da Adufg e reúne diversas vozes, incluindo duas personalidades que são referência em Goiás que fizeram parte da seleção de 60 autores, os jornalistas Laurenice Noleto e Pinheiro Sales.
Além de Goiânia, o evento acontece simultaneamente em outros cinco estados, sendo eles Rio de Janeiro, São Paulo, Vitória, Curitiba e Rio Grande do Sul. Todos os autores são sobreviventes da ditadura militar e trazem perspectivas sobre o período que durou 21 anos no Brasil.
Em entrevista ao Diário de Goiás (DG), Noleto diz que o livro foi pensado e organizado a partir da ideia de lutas por memória, verdade e justiça, vinda do advogado e militante político Francisco Calmon, do Espírito Santo. “Ele propôs a ideia para um grupo de pessoas amigas e conhecidas da geração 68. Ele fez para pessoas que eram também ativistas políticos que ele sabia que tinham vivido ou sobrevivido, ou com familiares próximos, ao golpe de 64”, afirma.
Sobre as falas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em relação a não comemoração de datas de golpe, Noleto relata que a iniciativa surgiu antes e foi mantido. “Lula pediu para que os órgãos governamentais não fizessem comemoração, mas nós somos sociedade civil, somos todos jornalistas, escritores, professores, historiadores, poetas, sobreviventes, testemunhas da história e nós acreditamos que, por isso mesmo, nós temos a obrigação de falar, até porque hoje a gente vê a nossa democracia novamente ameaçada”, explica citando o golpe do 8 de janeiro.
De acordo com a jornalista, ao falar sobre ditadura e golpe, é promovido um repúdio e, por isso, os autores têm obrigação de retratar o assunto.
60 anos do golpe: gerações em luta
Na obra “60 anos do golpe: gerações em luta”, Noleto explica o sofrimento que ela e outras mulheres goianas tiveram no período da ditadura.
“No período das trevas, que foi a ditadura, perdemos parte das nossas vidas nas portas das prisões onde estavam nossos filhos, maridos, companheiros. E por isso mesmo, nunca parei de lutar pela preservação e aprofundamento da democracia; e pelo empoderamento e conscientização política das mulheres. Lembrar do passado e deixar visíveis as semelhanças com o presente é uma forma de dizer não ainda hoje, às tentativas de novos golpes contra a nossa Democracia”, diz no livro.
O “60 anos do golpe: gerações em luta” foi idealizado por Calmon em outubro de 2023, ganhando apoio de organizações como o Canal Pororoca e grupos como Rede Brasil – Memória, Verdade e Justiça e Geração 68 Sempre na Luta. A obra traz reflexões sobre o golpe contra a democracia e questiona o estado atual da democracia.
O objetivo da obra é ser um “instrumento de promoção do debate qualificado sobre a conjuntura política passada e presente do Brasil, por meio da realização de eventos de lançamento, por seus autores em diferentes regiões do País, da realização de lives e da sua disseminação em universidades, escolas e organizações sociais e culturais”.
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