28 de dezembro de 2024
Brasil

36 mil pediram portabilidade de plano de previdência neste ano

Cerca de 36 mil participantes migraram de plano de previdência neste ano, até setembro, segundo levantamento da Siscorp com base em dados da Susep (Superintendência de Seguros Privados), envolvendo um montante de R$ 7,8 bilhões.

“Com a queda da Selic em 2018, os investidores começaram a ficar mais atentos à rentabilidade oferecida por esses planos”, considera Dawso Henriques de Oliveira, sócio-diretor da Siscorp.

A portabilidade possibilita a busca por taxas mais competitivas, levando os investimentos para um gestor com tarifas mais atraentes. 

Com isso, houve um movimento de redução das taxas de administração e carregamento, diz o professor Valdir Domeneghetti, coordenador de cursos da Faculdade Fipecafi.

“Muitas corretoras estão zerando taxas. As pessoas devem estar atentas porque, com a inflação mais baixa, essas despesas podem representar quase a inflação do ano e corroer o retorno dos investimentos”, alerta o professor.

Mas isso não deve ser o único ponto a se analisar para decidir pela portabilidade.

“Tem que avaliar a rentabilidade de um período longo e comparar o histórico entre as corretoras antes de optar por trocar o gestor do seu plano de previdência”, afirma Domeneghetti.

Especialistas recomendam observar a taxa de administração, o histórico do fundo por pelo menos cinco anos, a equipe de gestão, se é um fundo mais rentável que o atual e se cobra taxa de entrada ou saída antes de fazer a migração.

“Rentabilidade passada não é garantia de rentabilidade futura. Por isso, a análise deve ser feita com cautela e considerando um prazo mais longo”, comenta o professor.

Além disso, é fundamental saber as caraterísticas do produto que o investidor tem e as do que ele pretende migrar, bem como os riscos -e saber eles são comparáveis.

Para quem tem um plano antigo, por exemplo, dependendo do rendimento, é melhor ficar com esse produto e fazer um novo para as aplicações futuras. Assim, ele consegue manter o bom retorno do plano atual e pode usufruir de taxas melhores para os novos aportes.

O lado bom é que o processo de portabilidade está bem mais simplificado e o participante que considera que o gestor está tendo desempenho ruim já não precisa ficar em um plano que não atende mais às suas necessidades.

“A portabilidade de previdência privada hoje é tão simples quanto a de uma linha de telefone celular. O investidor mais atento muda mesmo em busca de melhores opções”, afirma Oliveira, da Siscorp.

As empresas devem finalizar a transferência em até cinco dias úteis. E vale destacar que o processo de portabilidade não tem incidência de Imposto de Renda.

“A portabilidade é um instrumento que o cliente tem para transitar entre os provedores de planos de previdência privada, podendo fazer uso deste quando assim desejar”, comenta Marco Barros, presidente da Brasilprev.

“Esse movimento natural tem como consequência a ação de melhorar, de forma contínua, os processos, produtos e performance. Ao final do dia, quem sai ganhando é o participante, que conta com um mercado competitivo para oferecer a melhor solução”, avalia Barros.

A troca de plano deve levar em consideração algumas restrições. Não é possível, por exemplo, mudar o tipo de plano -de VGBL (Vida Gerador de Benefício Livre) para PGBL (Plano Gerador de Benefício Livre) e de PGBL para VGBL.

É permitido fazer quantas portabilidades o cliente quiser. No entanto, é necessário observar os prazos para se manter em cada plano. O período de carência é definido por cada fundo.

Domeneghetti diz que é importante também analisar o perfil de risco que o cliente está disposto a correr. Investimentos com retornos melhores tendem a ser acompanhados de risco maior.

Balanço da FenaPrevi (Federação Nacional de Previdência Privada e Vida) consolidado até setembro mostra aumento do apetite por risco dos participantes do sistema.

Em 2016, apenas 5,7% dos ativos estavam alocados em fundos multimercado, segundo a entidade.

Neste ano, os dados encerrados em setembro mostram que 9,8% dos recursos já estão aplicados nessa modalidade de fundo.

O levantamento mostra ainda que a reservas dos planos de previdência privada aberta totalizaram R$ 806,5 bilhões no terceiro trimestre deste ano, montante 10,5% superior aos R$ 730,1 bilhões do mesmo período de 2017.

Ainda de acordo com dados da Fenaprevi, os planos de previdência do tipo VGBL fecharam o trimestre respondendo por 77,5% das reservas. Os PGBL responderam 18,1% do total acumulado pelos participantes do sistema.

E os planos tradicionais, que não são mais comercializados, corresponderam a 4,4% dos ativos.


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