22 de novembro de 2024
bem-estar

3 relações entre células neurais e compulsão alimentar

A compulsão alimentar é um distúrbio caracterizado pela ingestão excessiva e descontrolada de alimentos, acompanhada de sentimento de culpa e vergonha. Esse comportamento pode ter um impacto significativo na saúde física e emocional dos indivíduos, afetando negativamente seu bem-estar e qualidade de vida.

Os sinais desse distúrbio podem variar, mas frequentemente incluem episódios repetidos de ingestão excessiva em um curto intervalo de tempo, mesmo na ausência de fome real. Outros sintomas são a sensação de falta de controle durante essas refeições, comer escondido e experimentar uma forte sensação de culpa depois. Além disso, a compulsão alimentar pode estar associada a flutuações de humor e estresse, entre outros problemas emocionais.

Tratamento para a compulsão alimentar

Maria Eduarda De Musis, psiquiatra e professora do curso de Medicina da Unic Beira Rio, destaca que o tratamento da compulsão alimentar deve ser multidisciplinar e personalizado para atender às necessidades específicas de cada indivíduo.

“Intervenções podem incluir terapia cognitivo-comportamental, que ajuda a identificar e modificar padrões de pensamento e comportamento relacionados à alimentação. A consulta com um especialista pode oferecer orientações sobre alimentação equilibrada e estratégias para melhorar a relação com a comida”, salienta. Em alguns casos, a medicação pode ser considerada para tratar sintomas associados, como depressão ou ansiedade.

Células neurais e compulsão alimentar

A ação da compulsão vai muito além da ingestão de alimentos, conforme esclarece a médica. “A relação entre as células nervosas e a compulsão alimentar é significativa, mas complexa e envolve a interação de vários sistemas no cérebro. As células nervosas, ou neurônios, desempenham um papel central na regulação do comportamento alimentar, influenciando tanto os aspectos fisiológicos quanto emocionais da alimentação”, explica.

A seguir, a psiquiatra aponta três relações entre as células neurais e a compulsão alimentar:

ilustração de menina sentada na cama comendo fastfood
Neurônios do sistema de recompensa liberam dopamina em resposta à comida (Imagem: Alphavector | Shutterstock)

1. Sistemas de recompensa e prazer

Neurônios no sistema de recompensa do cérebro, que inclui áreas como o núcleo accumbens e o sistema dopaminérgico, são fortemente envolvidos na compulsão alimentar. Esses neurônios respondem a estímulos prazerosos, como a ingestão de alimentos, liberando neurotransmissores como a dopamina.

Quando a comida é associada a uma recompensa prazerosa, pode ocorrer um ciclo de comportamento compulsivo, em que a pessoa busca repetidamente esse prazer, mesmo em detrimento da saúde ou da necessidade real de alimentação.

2. Regulação do apetite e controle inibitório

Outros grupos de neurônios, localizados em áreas do cérebro como o hipotálamo e a amígdala, estão envolvidos na regulação do apetite e no controle das respostas emocionais associadas à alimentação. O hipotálamo, por exemplo, é responsável por equilibrar os sinais de fome e saciedade, enquanto a amígdala está relacionada às respostas emocionais e ao estresse. Disfunções nessas áreas podem levar a uma dificuldade em controlar o impulso de comer em excesso, resultando em episódios de compulsão alimentar.

3. Interação com aspectos emocionais

A compulsão alimentar muitas vezes está ligada a fatores emocionais e psicológicos. Neurônios que regulam o estresse e as emoções podem influenciar a relação de uma pessoa com a comida. Por exemplo, sentimentos de ansiedade, depressão ou estresse podem desencadear comportamentos alimentares desordenados como uma forma de automedicação, em que o ato de comer se torna uma maneira de lidar com emoções negativas.

A compulsão alimentar é influenciada por complexas interações entre sistemas neurais responsáveis pela recompensa, regulação do apetite e controle emocional. Compreender essa relação pode ajudar a desenvolver abordagens mais eficazes para o tratamento e reversão do distúrbio alimentar.

Por Camila Souza Crepaldi 


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