18 de novembro de 2024
Economia • atualizado em 13/02/2020 às 00:28

1,5 milhão de pessoas abandonaram mercado trabalho em 1 ano, diz IBGE

O número de pessoas que abandonaram o mercado de trabalho chegou ao mais elevado patamar em quase quatro anos, informou nesta terça (29) o IBGE.

Segundo o instituto, no trimestre de agosto a outubro, 64,727 milhões de pessoas estavam fora da força de trabalho. Ou seja, não estavam ocupadas nem procurando emprego.

É o maior número de pessoas fora da força de trabalho verificado pelo IBGE desde o início da atual pesquisa de emprego do instituto, iniciada em 2012.

Em um ano, 1,462 milhão de pessoas deixaram o mercado de trabalho, um aumento de 2,3%.

Nos últimos três meses, 668 mil pessoas abandonaram o mercado.

Segundo Cimar Azeredo, gerente da pesquisa de trabalho do IBGE, essa saída de pessoas do mercado às vésperas do Natal é incomum.

Boa parte desse contingente pode ter deixado o mercado por não ver perspectiva de conseguir uma ocupação, devido à recessão.

“É um evento não esperado, assim como o aumento da desocupação nessa época do ano”, disse. “Há uma desconfiguração total da sazonalidade”.

O IBGE constatou que a taxa de desemprego chegou ao mais elevado patamar desde 2012, 11,8%.

A atual recessão, segundo Azeredo, empurrou 5,5 milhões de pessoas para o desemprego.

A taxa de participação de pessoas no mercado -ou seja, pessoas com idade para trabalhar que participam da força de trabalho- em outubro chegou a 61,2%.

Nos melhores anos do mercado de trabalho, a taxa de participação havia caído, em razão da saída de jovens do mercado de trabalho para estudar.

Agora, frisa Azeredo, a queda é resposta à piora generalizada do mercado de trabalho.

Indústria derrete

A indústria continua sendo o setor que mais está reduzindo sua mão de obra. Mais da metade dos que deixaram seus empregos no último ano estavam atuando no setor fabril.

Em números, do enxugamento de 2,4 milhões de pessoas na população ocupada entre 2015 e 2016, 1,2 milhão foram na indústria.

A comparação é feita entre o trimestre julho a outubro deste ano em relação ao mesmo período do ano passado.

Nos últimos três meses, o emprego industrial recuou 0,9%, ou seja, menos 105 mil pessoas.

Azeredo, do IBGE, observa que o recuo na indústria ocorre sobre um ano que já foi fraco (2015), dado que o Brasil já estava em recessão.

O trabalho com carteira assinada também é o que mais recua na comparação com o ano passado (-3,7%). Nos últimos três meses, a queda foi de 0,9%.

Efeito na renda

Essa redução dos empregos de qualidade pode ter produzido um falso-positivo no rendimento dos trabalhadores.

Nos últimos três meses, o rendimento médio habitual dos ocupados aumentou 0,9% nos últimos três meses, apesar do desemprego e da destruição de postos de trabalho.

O rendimento médio habitual dos ocupados foi de R$ 2.025 no trimestre de julho a outubro, verificou o IBGE.

Para Azeredo, isso pode resultado de que pessoas com salário mais baixo foram desligadas, o que acabou aumentando a média salarial dos que permaneceram ocupadas.

Folhapress

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