O presidente do Facebook, Mark Zuckerberg, afirmou que aceitaria a “regulação certa” a companhias de tecnologia pelo governo ou pelo legislativo, durante depoimento ao Senado dos Estados Unidos.
Questionado se trabalharia com o Congresso em prol de uma regulação específica para o setor, Zuckerberg respondeu: “Se for a regulação certa, sim, certamente”.
É uma mudança significativa em relação à postura do Facebook até hoje -a empresa faz lobby há anos no Congresso dos EUA para evitar a introdução de regulações a companhias de tecnologia, vistas como grilhões ao crescimento das plataformas.
O executivo foi questionado pelo senador democrata Richard Blumenthal, que afirmou que o uso de dados pela empresa Cambridge Analytica contrariou as próprias regras do Facebook e disse que a empresa usou de “cegueira proposital” sobre o tema -Zuckerberg respondeu que não concordava com a avaliação do senador.
Este é o primeiro testemunho de Zuckerberg ao Congresso americano, em meio a um cerco da opinião pública sobre os controles de privacidade da plataforma e sua responsabilidade na difusão de notícias falsas e manipulação política.
Para o presidente do Facebook, estabelecer regras para a divulgação de políticas de privacidade concisas e claras, por exemplo, ou para obrigar as plataformas a dar ferramentas ao usuário para que ele decida o que vai divulgar e para quem, são bons tipos de regulações.
Zuckerberg ressalvou, porém, que regras que emperrem a inovação, como na área de reconhecimento facial, devem ser evitadas, sob pena de empresas americanas ficarem atrás de companhias chinesas.
O executivo pediu desculpas por ter falhado em proteger os dados dos usuários, em especial durante as eleições americanas e no escândalo da consultoria Cambridge Analytica, e assumiu responsabilidade pessoal pelo erro.
Em suas primeiras intervenções, os congressistas questionaram em especial o modelo de negócios de redes sociais como o Facebook, que usa dados pessoais de seus usuários para a venda e direcionamento de publicidade.
“O potencial para crescimento e inovação baseados na coleta de dados é ilimitado. Porém, o potencial para abusos também é significativo”, disse o senador republicano Chuck Grassley, após citar companhias como o Google, Twitter, Apple e Amazon.
É um indicativo de que outras empresas de tecnologia devem estar na mira dos senadores em breve. (Folhapress)