Mais de quatro anos após ser adquirido pelo Facebook por US$ 19 bilhões, o WhatsApp voltará a ver dinheiro entrando no caixa da empresa.
A companhia anuncia nesta quarta-feira (1º) um serviço para relacionamento entre grandes empresas e clientes usando o aplicativo.
Isso vai ser feito a partir da integração do WhatsApp com sistemas de relacionamento com clientes usados por outras companhias, no que é conhecido pelo mercado como API.
Será a primeira fonte de receita do WhatsApp desde que deixou de cobrar US$ 1 (cerca de R$ 3,80) por ano de seus usuários.
A nova função também possibilita a criação de propagandas no Facebook que direcionam o consumidor para uma conversa com a marca via WhatsApp.
Ainda neste ano, a empresa prevê a inclusão de anúncios nos vídeos e fotos enviados a partir do recurso Status de seu aplicativo.
Inspirado no Snapchat e no Instagram Stories, o Status foi lançado no final do ano passado e permite o envio de fotos e vídeos que somem após 24 horas.
O lançamento é anunciado na semana seguinte a uma queda de US$ 120 bilhões no valor de mercado do Facebook na bolsa, resultado da perda de velocidade do crescimento no número de usuários da rede social.
Matt Idema, diretor de operações do WhatsApp, diz que o lançamento da plataforma para grandes empresas ocorre após testes que duraram mais de um ano. Ele acontece neste momento pelo fato de a plataforma ter incorporado as ferramentas básicas esperadas pelas companhias que vinham experimentando as novas funcionalidades.
Entre as ações que serão cobradas das grandes empresas que aderirem à integração com o WhatsApp estão envio de notificações sobre produtos a serem entregues e resposta a perguntas de consumidores, caso ela seja enviada após 24 horas da última mensagem do cliente (mensagens que forem mandadas antes do fim desse prazo serão gratuitas).).
O WhatsApp ainda não divulgou os preços de cada tipo de mensagem, mas informa que haverá uma tabela fixa para cada país.
Sobre os anúncios do Facebook que direcionam ao WhatsApp, Idema diz que eles podem beneficiar a rede social.
“Essa é uma boa forma de as pessoas descobrirem uma empresa. Se funciona bem para os negócios, isso também será bom para o Facebook.”
A companhia não informou quantas empresas espera atender com o novo serviço neste ano.
Segundo o WhatsApp, o serviço foi testado por cerca de 90 negócios. Entre as empresas que já vinham usando ele no Brasil estão B2W (dona de Submarino e americanas.com) e o Banco Itaú.
Sobre a privacidade dos usuários, o executivo diz que as empresas só poderão enviar mensagens para consumidores após receberem autorização dele.
Cada tipo de notificação dependerá de uma autorização específica -a de envio de avisos para quando o produto chegar não permite que a empresa mande propagandas, por exemplo. Também será possível bloquear companhias.
“Você só receberá a notificação que quiser receber e poderá gerenciar isso na conversa com a empresa.”
Para as empresas usarem a API do WhatsApp, elas podem fazer a integração de seus sistemas diretamente com o serviço ou buscar parceiros credenciados, como as empresas Zendesk, Interaxa e Take.
Roberto Oliveira, presidente da Take, explica que as empresas poderão fazer com que o número de suas centrais de atendimento possa ser localizado a partir do WhatsApp.
Ele explica que, inicialmente, o WhatsApp irá avaliar as solicitações das empresas que desejam aderir à nova ferramenta antes de incluí-las no novo serviço.
Segundo Oliveira, companhias poderão usar o WhatsApp tanto para fornecer tanto o atendimento tradicional, feito por pessoas, como também via chatbots (automatizado, a partir de inteligência artificial).
Em janeiro, o WhatsApp lançou uma versão de seu aplicativo para pequenas empresas, que permite a inclusão de dados básicos sobre a companhia (endereço e telefone) e a criação de mensagens automáticas, em especial para quando uma solicitação de cliente chega fora do horário de atendimento.
O serviço está disponível para celulares com sistema operacional Android e continua gratuito. Segundo o WhatsApp é usado por mais de 3 milhões de empresas. (Folhapress)