Texto de Rodrigo Borges, publicado originalmente no Blog Esporte Fino, da Carta Capital
Walter Henrique da Silva, pernambucano, 24 anos. É o melhor atacante do Campeonato Brasileiro. Talvez seja o melhor jogador. Mas ninguém fala em Walter apenas por conta de sua ótima fase. O jogador do Goiás é “o gordo” do campeonato.
Walter Goiás Walter está pesado, verdade. Segundo o Goiás, pesa 92 quilos, o que não combina com alguém de 1m78. Especialmente um atleta. Mas Walter é bom, faz gols. A gordura que carrega pelo campo não interfere no seu futebol. Se o time faz uma grande campanha e vai garantir a permanência na Série A, deve isso a seu ótimo atacante, que após bom início no Inter, sumiu no Porto e no Cruzeiro.
A palavra correta é preconceito. Walter é vítima de dedos que adoram apontar para aqueles que estão fora do padrão. Ou que fazem parte de uma minoria. Está acima do peso, mas está jogando muita bola. E daí se está gordo? Nunca foi e nem será do tipo atlético. “Se estivesse mais magro, imagine o que jogaria”, é o que eu já ouvi várias vezes. Talvez, mas uma certeza não é. A certeza é que Walter, com seus 92 quilos, é astro de um campeonato que já está na metade.
“Na escola, falam para os meus filhos que sou gordinho. É até bullying”, disse Walter em agosto. Na entrevista publicada em O Globo, afirmou que tem consciência do excesso de peso e disse que é viciado em bolachas recheadas (te entendo, camarada). Sujeito sincero. Admitiu que deve perder peso, “mas é difícil”. É, quem já tentou emagrecer sabe.
Além de estar acima do peso, Walter não veste a camisa de um dos grandes. Seria alvo de tantas piadas se jogasse em um dos times de maior torcida do país? Por muito menos do que faz Walter, jogadores dos grandes já foram convocados para a seleção. Walter é o gordinho do Goiás. É o cara para quem os preconceituosos apontam.
Walter merece que a ele se refiram pelo seu bom futebol. Piadas e críticas pelo seu peso deveriam ser deixadas de lado. Enquanto carregar nas costas um time em ótima campanha, seu peso é um fator sem importância. A não ser para quem gosta de exercitar o desagradável hábito de apontar o dedo.
(Foto: Leoiran/fotoshows)