As mulheres vítimas de assédios na Caixa Econômica Federal, ocorridos durante a gestão de Pedro Guimarães, se manifestaram após fala do presidente Jair Bolsonaro (PL) em um podcast, em que ele menciona não haver documentos “contundentes” que provem os abusos.
Durante a entrevista, o presidente afirmou não ter visto “nenhum depoimento mais contundente de qualquer mulher. Vi depoimentos de mulheres que sugeriam que isso poderia ter acontecido. Está sendo investigado também”, disse Bolsonaro.
Os casos vieram à tona em junho deste ano, quando o então presidente da Caixa, Pedro Guimarães, foi denunciado por assédio sexual contra várias funcionárias da instituição. Após a repercussão, Guimarães foi demitido e novas denúncias vieram a público.
Nas denúncias, as mulheres relataram ter os seios e nádegas apalpados no ambiente de trabalho. Além disso, afirmaram receber convites para “massagens, “banhos de piscina” e idas a “saunas” pelo chefe, que as convocava aos seus aposentos sob pretextos profissionais, e as recebia somente de trajes íntimos.
Os casos foram investigados pelo Ministério Público Federal e pelo Ministério Público do Trabalho. De acordo com informações do G1, os advogados das vítimas se pronunciaram dizendo “ser estarrecedor que para o Mandatário da nação não sejam contundentes atos relatados e atribuídos ao presidente de uma instituição do porte da Caixa, que deveria ter instrumentos de controle e governança eficientes, consistentes em violações profundas aos corpos, às imagens e à intimidade de servidoras do órgão”.
Na nota, divulgada nesta terça-feira (25), as vítimas se manifestaram sobre o ocorrido. “É motivo de indignação e revolta que, ao minimizar a dor e o sofrimento já expressos em inúmeros depoimentos as vítimas tenham sua palavra posta em dúvida em contribuição ao processo de revitimização que um Presidente da República deveria ter como compromisso combater”.
As funcionárias da Caixa responderam a fala do presidente, ressaltando que “não nos calamos e não iremos nos calar. A verdade, apenas a verdade, é suficientemente contundente para fazer justiça e para que outras mulheres não sofram o mesmo que nós”, concluíram no texto.