O vitiligo é uma doença crônica caracterizada pela perda da coloração da pele. Suas formas de manifestação são manchas brancas que podem estar isoladas ou espalhadas pelo corpo, principalmente nos cotovelos, joelhos, rosto, mãos e pés, além de genitais. Embora não provoque o adoecimento físico nem seja transmissível, ainda gera muito preconceito por parte da população, inclusive pelo próprio paciente.
A médica dermatologista do Sistema Hapvida, Isabela Corral esclarece que o vitiligo é uma doença de pele autoimune, ou seja, o organismo produz anticorpos contra a própria célula que produz a cor da pele, que é a melanina. “Pode ser uma doença com características genéticas, pode vir acompanhada de outras doenças autoimunes, como doença de Crohn, doença de Hashimoto, mais conhecido como hipotireoidismo”, explica a especialista.
Por outro lado, o vitiligo tem relação direta com a saúde emocional e a psicológica, já que fatores externos podem contribuir para o aparecimento ou agravamento das lesões. “Como na maioria das doenças autoimunes, os fatores emocionais como estresse, ansiedade e depressão podem desencadear o processo da doença”, enfatiza a especialista.
Para a contabilista Samara Rodrigues de Siqueira, 28 anos, a ansiedade e o estresse, certamente, contribuíram para o desenvolvimento do vitiligo na sua vida. De acordo com ela, as marcas nos pés apareceram depois de uma lesão provocada por uma sandália.
“Eu sempre fui muito ansiosa, e a lesão apareceu depois do meu primeiro casamento, mas eu só descobri que era vitiligo alguns anos depois. Ao ser diagnosticada, iniciei o tratamento para evitar o alastramento das manchas. E graças ao acompanhamento as lesões se mantêm nos pés. As manchas não me incomodam, o que me incomoda são as perguntas. Mas, aprendi a conviver com isso também. Não me abalo com preconceitos, as manchas estão aqui e vão ficar. Elas já fazem parte de mim”, relata Samara.
A dermatologista destaca ainda que a vida de quem tem vitiligo é absolutamente normal, trata-se mais de uma questão estética do que de saúde física. Alguns cuidados devem ser tomados, a exemplo da exposição ao sol. “As lesões devem ser mais protegidas do sol porque é mais propícia à queimadura solar. Além disso, é importante ressaltar que qualquer procedimento de corte ou cirurgia feito em paciente de vitiligo tem grandes chances de desenvolver novas lesões no local da cicatrização. Então, esses cuidados são fundamentais para evitar o aumento das manchas”, explica Dra. Isabela.
Diagnóstico
Quanto ao diagnóstico, a especialista afirma que é basicamente clínico e deve ser feito exclusivamente pelo dermatologista, que vai determinar o tipo de vitiligo, averiguar os fatores de risco e indicar a terapia mais adequada. “O tratamento visa cessar o aumento das lesões e repigmentar a pele. Incluem corticosteroides, inibidores da calcineurina, fototerapias com radiação ultravioleta B e A, laser e transplante de melanócitos, além de algumas novas medicações em fase de pesquisa”, relata Dra. Isabela Corral.
O Dia Mundial do Vitiligo é celebrado no dia 25 de junho, a data foi escolhida pela sociedade médica para alertar e conscientizar a população a respeito da doença, especialmente para acabar com as manifestações de preconceito. Além das campanhas de conscientização vale lembrar também, a contribuição que a ex-BBB, Natália Deodato, promoveu acerca de maior visibilidade para o vitiligo. “Assim como a Natália, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), o vitiligo afeta mais de 150 milhões de pessoas em todo o mundo. E apesar de não ter cura, tem tratamento para reversão ou paralisação das lesões”, ressalta Dra. Isabela.
Quais as partes do corpo mais afetadas pelo vitiligo?
O vitiligo pode se manifestar em qualquer parte do corpo ou couro cabeludo. Segundo a dermatologista do Sistema Hapvida, o aparecimento das lesões e o resultado do tratamento depende de cada paciente. “Em alguns casos, o vitiligo pode ser reversível. Nós sempre falamos que é uma doença individual, que depende da localização das lesões, da idade do paciente. A resposta não é 100% igual, mas existem diversas opções de tratamento como pomadas de uso tópico, algumas medicações orais, procedimentos como fototerapia, entre outros”, esclarece.
“A vida de quem tem vitiligo é normal. Porém, as lesões podem ter significativos impactos na qualidade de vida e na autoestima do paciente. Em situações assim, o acompanhamento psicológico é recomendado, ” pontua a dermatologista.