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Categorias: Esportes
| Em 7 anos atrás

Visto como antipático por colegas, Sampaoli será o técnico da Argentina

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Jorge Sampaoli, 57, tem uma tatuagem no antebraço esquerdo. “No escucho y sigo, porque mucho de lo que está prohibido me hace vivir” (“Não escuto e sigo, porque muito do que está proibido me faz viver”, em espanhol”), diz o texto. É o trecho de “Prohibido”, música da banda de rock Callejeros.

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O vocalista do grupo, Patricio “Pato” Fontanet, cumpre pena de sete anos na penitenciária de Ezeiza, em Buenos Aires, pela tragédia que ficou conhecida como Cromañon. Durante o show do conjunto em 2004, uma pessoa na plateia acendeu um sinalizador, causando pânico. Foi uma das maiores tragédias da história argentina, com 194 mortos e 1,4 mil feridos.

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Sampaoli é amigo de Fontanet e lidera, já há alguns anos, campanha pela sua libertação. É uma fixação que se encaixa sob medida na personalidade obsessiva do técnico que terá a missão de levar a Argentina para a Copa de 2018.

“Não basta eu dizer que Sampaoli vive futebol. Isso não lhe faria justiça. Ele sabe o que acontece em todos lugares e com todos os jogadores. É inacreditável”, disse Arturo Vidal, comandado pelo treinador na seleção chilena.

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Jogador que teve de abandonar a carreira aos 20 anos no Newell’s Old Boys após fratura na tíbia, ele era escolha quase unânime entre os dirigentes e o nome preferido dos torcedores. Não conta com simpatia dos colegas no país.

“Se Sampaoli é o melhor técnico para assumir a seleção argentina, acho que precisamos encerrar a escola de treinadores no país e começar tudo de novo”, disse Carlos Bilardo, que levou à Argentina ao título mundial de 1986 e ao vice em 1990. “O que ele ganhou? Que títulos têm? É muita fumaça e pouco fogo.”
Sampaoli foi campeão chileno e da Copa Sul-Americana com a Universidad de Chile. Com a seleção desse país, conquistou o inédito título da Copa América, em 2015.

Não havia como duas pessoas com personalidades como as de Sampaoli e Bilardo se entenderem. O primeiro trancou os jogadores chilenos durante a Copa de 2014, no Brasil, de tal forma que até a imprensa reclamou.

E ainda proibiu os atletas de fazerem sexo durante a competição. Bilardo, quando comandava o Estudiantes, insistia que garotos como o zagueiro Basanta cortassem troncos de árvores com machados para “ganharem músculos nos torsos”.

Sampaoli é visto como antipático e inacessível por outros técnicos argentinos. Ele já poderia ter sido o escolhido para dirigir a seleção em julho do ano passado.

Mas o ocupante do cargo, Gerardo “Tata” Martino, fez de tudo para que isso não acontecesse.

Victor Taboada, gerente da AFA (Associação de Futebol Argentino), chegou a lhe oferecer o emprego. À espera da vaga e com tudo indefinido, Sampaoli negociava também com o Sevilla. Martino adiou a decisão até que o colega resolvesse que não poderia mais esperar. Em 27 de junho de 2016, Sampaoli assinou com o clube espanhol. Oito dias depois, Tata comunicou que não seria mais o treinador da Argentina.

Ter vontade de ferro e convicções imutáveis será um cenário interessante. Se mantiver a mesma base de convocados dos últimos anos, vai encontrar uma seleção envelhecida, que tem uma base parecida desde a Copa de 2010, na África do Sul. Quando chegar o Mundial da Rússia, Messi terá 31 anos; Higuaín, 30; Aguero, 30; Mascherano, 34; Romero, 31; Zabaleta, 33; Demichelis, 38.

Para parte da imprensa local, a equipe se tornou uma confraria, ação entre amigos e capitaneada por Messi e Mascherano. Mas ninguém, em sã consciência, defenda a ideia de que ambos sejam excluídos das convocações.

Sampaoli é fã confesso de Marcelo Bielsa e este é outro pano de fundo da animosidade com Carlos Bilardo. Bielsa é discípulo de Cesar Menotti, o técnico campeão mundial de 1978. Menotti é inimigo de Bilardo.

O novo técnico da seleção argentina sente uma admiração tão grande pelo ídolo que, ao encontrá-lo pela primeira vez, emudeceu. Não conseguia falar nada.

Uma loucura tão grande que até “El Loco” Bielsa achou estranho.
As equipes do novo técnico da seleção argentino têm estilo vertical, direto, sem jamais renunciar ao jogo ofensivo e de intensidade, não importa as circunstâncias.

Foi assim que o Chile de Sampaoli quase eliminou o Brasil nas oitavas de final da última Copa do Mundo. No intervalo, fez mudanças táticas que anularam todas as ações do time de Luiz Felipe Scolari. No último lance da prorrogação, o atacante Pinilla acertou um chute no travessão. A seleção brasileira venceu nos pênaltis.

Mesmo na época, já havia um lobby a favor de Sampaoli na AFA. Agora não há nenhum Martino para atrapalhar.

SEVILLA

A saída de Sampaoli do Sevilla para comandar a seleção argentina foi confirmada pelo próprio clube espanhol.

O clube espanhol disse que chegou a um acordo inicial com o técnico, que depende apenas da redação do texto e da apresentação dos documentos pertinentes para ser assinado por ambas as partes em 1º de junho.

A Associação de Futebol concordou em pagar a cláusula de rescisão de contrato de Sampaoli que, segundo a mídia local, é de 1,5 milhão de euros.

“Nas negociações entre o Sevilla e a AFA, que atuou como representante de Jorge Sampaoli, não se discutiu em nenhum momento o valor fixado como cláusula de rescisão de contrato do técnico”, disse o Sevilla em comunicado. “Todas as partes se sentem satisfeitas com o acordo alcançado”, acrescentou o clube espanhol.

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