PATRÍCIA CAMPOS MELLO – SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O diplomata Eduardo Saboia, que em 2013 ajudou o ex-senador boliviano Roger Pinto Molina a fugir da embaixada brasileira em La Paz, afirmou que era muito difícil para Molina, como político, viver longe de seu país.
Após sofrer um acidente aéreo no último sábado (12), Molina morreu no Hospital de Base de Brasília nesta quarta (16).
“Nós nos tornamos amigos nas circunstâncias desafiadoras dentro da embaixada (do Brasil na Bolívia) e da chegada ao Brasil, traumática para nós dois. Em Brasília, mantivemos contato, costumávamos almoçar uma vez por mês no restaurante China e eu acompanhei o esforço dele de reconstruir sua vida”, disse Saboia.
Molina ficou 454 dias em uma pequena sala de representação na embaixada brasileira em La Paz, até fugir em agosto de 2013 para o Brasil com a ajuda de Saboia, que era encarregado de negócios.
O episódio levou à demissão do então chanceler Antonio Patriota pela presidente Dilma Rousseff, e Saboia foi punido com uma suspensão de 20 dias.
Depois disso, o diplomata ficou na “geladeira”, restrito a funções burocráticas no Itamaraty, até ser nomeado assessor do então senador Aloysio Nunes. Reabilitado, Saboia foi escolhido pelo chanceler Nunes para chefiar seu gabinete.
“Roger ficou muito feliz quando fui promovido”, contou Saboia.
Segundo ele, seria impossível para Molina voltar à Bolívia, onde ainda enfrentava vários processos na Justiça. (Folhapress)