O secretario estadual da Casa Civil, Vilmar Rocha (PSD), faz sua avaliação sobre a trajetória de Mauro Borges. Eles conviveram no cenário político e lutaram juntos para a viabilização do ex-governador ao governo de Brasília e sua volta ao governo de Goiás.
O pessedista retoma o histórico de Mauro Borges e destaca suas qualidades “revolucionárias”.
Quando começou a relação entre o senhor e o ex-governador Mauro Borges?
Começou em 1982, quando ele foi candidato ao Senado e eu a deputado federal, ambos eleitos. Naquela época, ele pelo PMDB e eu pelo PDS, eu já nutria admiração pelo que foi o governo Mauro Borges.
Nós tivemos uma relação mais intensa, pessoal e política, a partir de 1985. Foi quando nós coordenamos um grande movimento para fazer do Mauro governador de Brasília. Naquele tempo, o governador de Brasília era nomeado, não eleito. Nós fizemos um movimento, mas não conseguimos.
Em 1986, nós participamos de uma grande articulação política para que ele fosse o nosso candidato a governador. Não tivemos sucesso novamente, graças a articulação do PMDB, que trabalhou contra a articulação. Não houve apoio.
Em 1986 lançamos Mauro Borges candidato a governador de Goiás. Eu era presidente do PFL, um partido forte, e fizemos aliança com o PDT. Aqui passei a ter uma longa convivência com o Mauro.
Por que o ex-governador saiu do PMDB?
Ele saiu porque o grande líder do PMDB já era o Iris Rezende e ele não reconheceu nem valorizou o prestígio político de Mauro Borges. Politicamente ele tinha um certo ciúmes do Mauro.
O Iris achava que se o Mauro tivesse muito espaço no PMDB poderia superar a sua liderança dentro do partido. É minha avaliação.
Durante minha convivência com o Mauro, eu pude confirmar toda minha admiração e respeito. Ele era mesmo um político diferenciado.
Comparando – resguardadas as diferenças de tempo e circunstância –, Mauro Borges é o Lincoln de Goiás.
Isso é retórica?
Não, é realidade. Ele mudou parâmetros, paradigmas e realizou alterações substanciais no Estado. Na administração, por exemplo, a gestão pública não tinha poupança nenhuma, tudo era o Estado. Até ideologicamente a figura do Estado era muito forte. Ele deu uma nova formatação a gestão pública. Criou vários órgãos importantes. Fez a base da estrutura de uma nova administração.
Naquela época a questão da demarcação de terra era desorganizada. Ele estruturou. Essa base permanece até hoje e propiciou o desenvolvimento do Estado.
Politicamente falando, Mauro Borges utilizou o time de rivais em prol do seu governo. Como Lincoln. Ele tratava todos como iguais.
Aguentou muitas críticas e problemas dentro do seu partido, mas superou e mostrou que estava certo.
Não é em vão que seu nome é admirado, respeitado… Ele tem história. Foi o governo que lançou as bases para a construção de um novo Estado. Um Estado moderno.
Ele criou a primeira Secretaria de Planejamento do Brasil. Anos depois criaram o Ministério do Planejamento. Isso em 1961.
A história já fez o julgamento que Mauro Borges merece?
Sim. No período do PMDB ele não foi reconhecido como deveria, mas com o governo Marconi ele teve seu reconhecimento. Uma série de homenagens foram direcionadas a ele, merecidamente.
Agora, os grandes nomes têm seus valores evidenciados com o tempo. Não há nenhum livro denso com informações sobre o valor de Mauro Borges. Isso vai aparecer daqui alguns anos. O próprio livro escrito por Mauro Borges, sobre o seu período, é fraco. Precisamos de mais. Não quero transformar o ex-governador em santo, mas ele é bem maior que tudo que foi escrito sobre ele. Isso aconteceu com JK, Getúlio Vargas… Mas o tempo vai mostrar seu verdadeiro valor.
Tenho uma tremenda admiração pelo homem Mauro Borges, pelo político Mauro Borges e pelo ser humano Mauro Borges.