A campanha de Vanderlan Cardoso (PSD) foi pega de surpresa pela diferença de mais de 11 pontos percentuais entre o senador e Maguito Vilela (MDB) na disputa pela prefeitura de Goiânia no último domingo (15). Segundo o presidente estadual do PSD, Vilmar Rocha, próximo ao pleito os apoiadores de Vanderlan reconheceram que o emedebista deveria passar à frente para o segundo turno, mas a diferença de quase 70 mil votos não era esperada.
“Nossa expectativa 15 dias antes da eleição era de que o Vanderlan iria chegar à frente de 3 a 5 pontos. Quando estava próximo, avaliamos a possibilidade de Maguito chegar à frente 3 a 5 pontos. Foi uma surpresa”, admitiu em entrevista ao Diário de Goiás.
Apesar do revés inesperado, a campanha mantém a fé de uma virada no dia 29. “Sempre é possível mudar, reverter e alterar. Muitas eleições mudam fortemente. É possível mudar. Eleição você muda em uma semana, em três dias, até no dia da eleição. É imprevisível”, ponderou Vilmar Rocha, citando a queda do candidato Antônio Gomide (PT), em Anápolis, como exemplo.
O presidente estadual do PSD crê que a desidratação de Vanderlan, que liderava as pesquisas no início do período eleitoral, se deve aos ataques constantes que os demais candidatos fizeram a ele na campanha do primeiro turno. “Ele foi muito atacado no primeiro turno. Quiseram muito desconstruir a imagem dele”, destaca. Além disso, conforme Rocha, o estado de saúde de Maguito, internado na UTI com covid-19, sensibilizou uma parcela do eleitorado goianiense.
Estratégia
Para tentar virar o jogo na capital, um dos principais focos é aquele eleitor que não compareceu à votação no último domingo. Goiânia teve 30,7% de abstenção, a terceira maior entre as capitais, atrás apenas de Porto Alegre e Rio de Janeiro. Segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), foram 298.362 eleitores que não foram às urnas. “Seria uma boa estratégia sensibilizá-los a votar e, naturalmente, no nosso candidato. Aí está um bom ponto para se trabalhar”, frisou o dirigente partidário.
Rocha pontua que não é uma estratégia da campanha focar no estado de saúde de Maguito. No início da semana, Vanderlan pôs em dúvida a clareza dos boletins médicos do emedebista. O presidente do PSD goiano, contudo, afirma que foi uma “manifestação pessoal do candidato”. “Acho que ele não foi feliz da maneira como colocou, mas a declaração dele foi muito politizada”, opina.
A campanha pessedista deve concentrar o debate sobre a possibilidade de o vice de Maguito, Rogério Cruz (Republicanos), ficar à frente do Paço até que o emedebista se restabeleça completamente. “O Maguito vai sair dessa, todos desejamos isso. Mas todo mundo sabe que, em função da gravidade (da doença), ele terá um longo período de recuperação. Quem vai ocupar a prefeitura é o vice-prefeito, e ele não é conhecido e bem avaliado. Isso também tem que ser colocado no debate”, destaca Vilmar Rocha.
O presidente pontua ainda que o estado de saúde de Maguito dificulta o debate, tornando a eleição “atípica em Goiânia”. Ele também cita a neutralidade declarada pelo prefeito Iris Rezende como um dos fatores que complica o pleito. “Não se sabe quem ele está apoiando, com quem ele está fazendo campanha. Isso tem consequências políticas, naturalmente”, afirma. Sobre Iris ter chamado Maguito de “nosso candidato”, Rocha reafirma a incerteza. “Ao mesmo tempo que disse isso, ele volta atrás e desdiz”.
Apoios
O Cidadania, de Virmondes Cruvinel e do vice-governador Lincoln Tejota, foi o primeiro partido a declarar apoio a Vanderlan no segundo turno. Vilmar Rocha revela que há negociações com outros partidos e espera que a maioria declare neutralidade.
“Isso está sendo discutido e negociado com as duas campanhas. A gente está acompanhando. O que vejo em tendência é de não declarar apoio nem ao candidato A ou B. Os partidos vão abrir e aí algumas pessoas devem declarar apoio”, disse ele, citando o caso do PSB, em que afirma que o presidente da Assembleia Legislativa, Lissauer Vieira, deve apoiar Vanderlan.