O vice-presidente do Uruguai, Raúl Sendic, apresentou sua renúncia “indeclinável” ao cargo neste sábado (9), depois de se ver envolvido em um escândalo pelo uso de cartões corporativos oficiais e um título acadêmico que não tinha.
“Apresentei ao plenário da Frente Ampla (partido do governo) minha renúncia indeclinável à vice-presidência. Comuniquei também ao presidente Tabaré Vázquez”, anunciou Sendic no Twitter, depois de uma reunião com o partido.
Sendic renunciou depois de uma decisão do Tribunal de Conduta Política de seu partido, a esquerdista Frente Ampla, que destacou que “o quadro geral apresentado pelos atos descritos” do agora ex-vice-presidente “não deixa dúvidas de um modo de atuar inaceitável no uso de dinheiro público”.
Sua atuação “compromete sua responsabilidade ética e política, com o descumprimento reiterado de normas de de controle”, afirma um comunicado.
Em um vídeo filmado durante a plenária, realizada a portas fechadas neste sábado na sede do partido governista em Montevidéu para abordar o caso, Sendic chamou a decisão do tribunal partidário de “desproporcional” e “infundada”. Ele disse que “não há provas” de que cometeu irregularidades.
“Diante desta situação, frente a este conjunto de manobras, de deslealdades”, das quais acusa os companheiros de partido, Sendic afirmou: “Venho (…) colocar à disposição de vocês a vice-presidência, venho aqui renunciar à vice-presidência da República”.
Sendic, 55 anos, é filho de Raúl Sendic, um dos fundadores da guerrilha Movimento de Libertação Nacional MLN-Tupamaros, que atuou no Uruguai nos anos 1960 e 1970. Ele foi escolhido por Vázquez para integrar a chapa presidencial que venceu a eleição em 2014 e assumiu o cargo em 2015.