Num palco armado em Chacao, lado leste e de classe média alta de Caracas, alguns deputados da Assembleia Nacional falaram a um público de estudantes por volta das 11h30 locais (13h30 em Brasília), levando bandeiras e camisetas com as cores da Venezuela.
Foi o primeiro ato das manifestações deste 23 de janeiro, conclamadas pela Assembleia Nacional para pedir a renúncia do ditador Nicolás Maduro. O protesto foi marcado nesta quarta em homenagem à data em que foi derrubada a ditadura de Pérez Jimenez (1953-1958).
No palco de Chacao, a líder oposicionista María Corina Machado disse que “amanhã pode não ter caído o governo, mas um novo ciclo começará e terminará apenas quando Maduro saia, pode demorar dias ou semanas ou meses”.
Corina acrescentou que tem falado “com os jovens membros das Forças Armadas e estes também estão descontentes, eles também têm famílias que sofrem com o desabastecimento, precisamos deles para fazer tremer a cúpula militar.”
O ato seguiu com diversos deputados da Assembleia Nacional lendo nomes de vários dos 130 mortos na repressão de 2017.
Numa estratégia para dificultar a repressão, os atos foram realizados em distintos lugares da capital. Enquanto havia gente falando no palco de Chacao, outras colunas marchavam em outros pontos da cidade. Em todos, se escutava o canto de “sim, se pode”.
As áreas por onde marchavam os manifestantes anti-Maduro estão extremamente vigiadas por oficiais armados. Pode-se ver vários deles sendo interrogados por cidadãos: “Por que não vêm com a gente?”, ou “juntem-se a nós, vocês também são venezuelanos”.
Nas estradas que dão acesso a Caracas, foram colocadas barreiras para controlar a entrada de manifestantes. Na via que une a cidade de El Junquito à capital, houve enfrentamento com a Guarda Nacional e uso de armas de fogo. Ainda não há confirmação de mortos ou feridos.
Uma contramarcha, de apoiadores de Maduro, teve início na avenida Nueva Granada. A concentração começou às 11h locais (13h pelo horário de Brasília). Os manifestantes usavam bonés ou símbolos da PDVSA, empresa petrolífera estatal, ou apenas camisetas vermelhas, e levavam posters com imagens do ex-presidente Hugo Chávez (1954-2013). SYLVIA COLOMBO
BUENOS AIRES, ARGENTINA (FOLHAPRESS