O secretário de Saúde, Ismael Alexandrino, disse aprovar a aquisição do Hospital do Servidor Público, pelo governo de Goiás, para instalação de uma nova unidade do Hospital Materno Infantil. Já os sindicatos que representam os servidores não concordam com essa ideia. O Diário de Goiás ouviu algumas das principais entidades que defendem o direito dos servidores e a opinião é unanime: “Não entregaremos para o governo”.
A presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Goiás (Sintego), Bia de Lima, afirma que é “permanentemente contra” a venda do Hospital do Servidor para o Governo de Goiás. “Os servidores públicos não vão entregar o hospital, porque é um sonho acalentado historicamente. Não entregaremos o que é nosso para um governo que deve três vezes mais do que o valor que seria o hospital”.
Além disso, Bia aponta que falta planejamento do governo. “Além do governo não apresentar um cronograma de como vai pagar o que já deve para o Ipasgo, ainda quer ficar com o que é patrimônio do servidor. O hospital foi custeado com recursos dos servidores, não tem dinheiro do governo. Nós não entregaremos o nosso hospital para o governo, nós queremos é discutir a gestão do hospital, não vamos entregar para o governo fazer média as custas dos servidores”, ressalta.
Barreiras
Para o secretário de Saúde, existem algumas barreiras que impedem a aquisição do hospital e que é preciso diálogo. “Não é um caso simples de apenas chegar e falar quero comprar e pronto. Aquele hospital tem dono, ele não é do Estado, dependeria de negociação de entendimento, de ajuste de conduta, não é simples. Juridicamente existem algumas barreiras a serem vencidas”, aponta.
Mas, para a representante do Sintego, as barreiras vão muito além das jurídicas. “Existem barreiras jurídicas, éticas, financeiras e de respeito ao servidor público”, destaca.
Já o presidente da União Goiana dos Policiais Civis (Ugopoci), José Virgílio, acredita também, que é inaceitável a possibilidade de vender o Hospital do Servidor para o governo. “Não concordamos com a venda e isso é uma voz unanime dentro do Fórum dos Servidores. São mais de 40 entidades, já discutimos esse tema e queremos o Ipasgo funcionando”, diz.
Para Virgílio, a compra “não é um bom negócio”. “A gente sempre teve dificuldade em receber, nós temos por exemplo, ações que pertencem a Goiás Previdência, ações do próprio Ipasgo e fica tudo a critério do governo. No caso dessas ações, quem acaba sendo a voz é quem ele nomeia para estar lá. Outra coisa é saber, como e quando vamos receber, se o governo está quebrado e diz que não tem dinheiro para pagar”, questiona.
“Não somos favoráveis, o Ipasgo não tem nem um centavo de dinheiro público, é tudo privado que vem dos servidores. Nós queremos administrar o Ipasgo e o próprio Hospital”, acrescenta José Virgílio.
Cabide de emprego
O presidente da Ugopoci, coloca que até hoje, o Ipasgo é usado como um “cabide de emprego”. “É um bem privado que o governo utiliza para outros meios, como apadrinhamento político. Estamos pensando em mover uma ação judicial, a gente acha que se movermos um afastamento lá poderia salutar para o Ipasgo”, acredita.
Para a presidente do Sindicato dos Servidores da Saúde de Goiás (Sindsaúde), Flaviana Alves, não é possível concordar com a ideia de compra. “Não concordamos em espécie nenhuma porque, o hospital foi feito para os servidores públicos. Há muito tempo os servidores vem pedindo um hospital e vender isso para o governo, não vamos receber, porque só o governo deve ao Ipasgo R$320 milhões no decorrer das gestões passadas. Então, se ele não tem dinheiro para pagar nem os R$320 milhões quem dirá para comprar o hospital, se o governo pegar vai ficar de graça para ele”, salienta.
A presidente aponta um aditivamento excessivo na obra do Hospital do Servidor.
Preço da obra
“Nós somos contrários e queremos que esse hospital termine a sua obra que é um absurdo contratual que houve um acréscimo de R$ 24 milhões, uma obra que ficou para ser entregue por R$ 77 milhões e hoje já está aditivada em R$ 84 milhões e agora aditivou mais R$ 24 milhões. E colocou esse aditivos sem se quer chamar o CDI para discutir, então não aceitamos de forma nenhuma”, detalha.
“Queremos o nosso hospital funcionando para nós servidores públicos, e mais ainda queremos o hospital gerido também por nós, não aceitamos a gerencia feita por Os ou qualquer outro modelo” acrescenta Flaviana.
Sobre a afirmação do presidente da Ugopoci, a presidente do Sindsaúde, faz a mesma ponderação. ” O Ipasgo hoje é cabide de emprego, não tem estrutura de fiscalização correta, porque o governo fica protegendo os prestadores nas suas relações políticas”, diz.
Sobre o Materno Infantil, Flaviana disse que é uma situação que precisa ser resolvida logo, “não dá para esperar um hospital ficar pronto”. Ela ainda coloca que o governo tem outras alternativas, e outros meios de resolver sem comprar o Hospital do Servidor Público.
“O governo tem outros hospitais em Goiás que ele pode negociar, por exemplo: o Salvador que está fechado; o Santa Genoveva, que está fechado; uma parte do Santa Helena e muitos outros hospitais que o governo pode negociar, locar, comprar e que já tem estrutura hospitalar pronta. Ele pode expandir o Hugol que não está fazendo uso de toda estrutura. Não precisa do Hospital do Servidor, existe outros mecanismos para fazer e mais rápido do que esperar a obra. Tem que ter responsabilidade de assumir que não dá para deixar o Materno Infantil conforme está lá sem segurança, falta de estrutura e sem garantia de qualidade”, finaliza.