Em meio às articulações de parlamentares para a criação de uma CPI do MEC para apurar o suposto gabinete paralelo no Ministério da Educação, o senador da República Vanderlan Cardoso (PSD-GO) foi às redes sociais nesta terça-feira (28/06) defender investigações em torno do assunto, mas adotou uma postura contrária a construção da Comissão articulada pelos colegas.
Apoiador do presidente da República Jair Bolsonaro (PL), Vanderlan Cardoso ressalta que a criação de uma CPI neste momento, pode gerar um fato político que atrapalharia as investigações já conduzidas pela Polícia Federal. “Nesse momento é preciso que a PF continue conduzindo a operação, elucidando os fatos, de modo a encontrar e punir os culpados no rigor da lei”, destacou.
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“Sou a favor da investigação e punição dos possíveis culpados no caso envolvendo o MEC, e isso a PF já está fazendo. Abrir uma CPI nesse momento não contribuirá para a investigação, ao contrário, poderá tirar o foco do que realmente importa, transformando o fato em jogo político”, complementou Vanderlan CArdoso que também foi contra a CPI da Covid-19 realizada em 2021.
Assinaturas coletadas com apoio de Kajuru
O senador e líder da oposição ao governo no Senado, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), protocolou no início desta terça-feira, 28, o requerimento para criar a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investigará o “gabinete paralelo” no Ministério da Educação (MEC). O pedido conta com apoio de 31 assinaturas, quatro a mais do que o mínimo necessário, que são 27. As últimas assinaturas foram dos senadores Marcelo Castro (MDB-PI), Confúcio Moura (MDB-RR) e Jarbas Vasconcelos (MDB-PE).
Em entrevista coletiva a jornalistas, Randolfe classificou o requerimento como “robusto”. Segundo o parlamentar, não há dúvidas de que foi instalada uma quadrilha no Ministério da Educação (MEC) e de que o próprio medo do presidente Jair Bolsonaro (PL) diante dos rumos da investigação indica “que há tentáculos do Planalto envolvidos nessa situação”.
Segundo Randolfe, as investigações estão sob “forte ameaça”. “Em situações normais não necessitaria de uma CPI, mas essa investigação está sob ameaça de interferência do presidente da República”, afirmou o parlamentar.
Fiador da CPI, o senador goiano Jorge Kajuru (Podemos-GO) criticou, em pronunciamento a tese de que o pedido de instalação da CPI para investigar suspeitas de corrupção no Ministério da Educação seja eleitoreiro. O requerimento foi protocolado nesta terça. “Quer dizer que por estarmos a três meses da eleição, pode-se roubar? Pode-se fazer o que quiser no Executivo, sem investigação do Poder Legislativo? CPI não tem hora, ela precisa ter motivação, e neste caso sobram argumentos. Há muito a ser investigado para detalhar mais ainda o modus operandi”, pontuou.
Kajuru ressaltou que o caso é revelador, já que o presidente Jair Bolsonaro teria demonstrado duplo envolvimento no escândalo. O primeiro, relacionado ao repasse de recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) a prefeituras indicadas pelos pastores evangélicos Gilmar Santos e Arilton Moura, e o segundo ligado a aparente interferência de Bolsonaro na investigação da Polícia Federal.
O senador afirmou que existe um áudio em que o próprio ex-ministro da Educação, Milton Ribeiro, deu a entender que foi avisado por Bolsonaro sobre as investigações em que era alvo. Ele foi preso no dia 22 de junho e liberado no dia seguinte por decisão da Justiça.