Após a reação negativa de partidos como PMDB, DEM e PSD sobre a articulação liderada pelo PSDB, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, foi mais contido ao falar neste sábado (27) sobre acordos para a sucessão do presidente Michel Temer em caso de eleição indireta pelo Congresso Nacional.
Apesar de confirmar que o assunto é uma questão partidária, Alckmin foi enfático ao dizer que o assunto não está em pauta e que ainda não há nenhuma decisão por parte do Poder Judiciário sobre o julgamento que pode cassar a chapa Dilma Rousseff/Temer. O julgamento no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) está marcado para os dias 6, 7 e 8 de junho.
“Vamos aguardar o desdobramentos porque muitas coisas não dependem de nós”, disse ele, depois de participar de um evento ao lado do prefeito paulistano João Doria (PSDB).
Nesta semana, Alckmin esteve reunido com Doria, o senador Tasso Jereissati (CE), que preside interinamente o PSDB, e FHC -esses dois últimos considerados “grandes nomes” pelo governador para substituir Temer em caso de vacância na Presidência.
Após o encontro, líderes de outros partidos da base de sustentação do presidente da República reagiram. Um deles, do PSD, chegou a dizer que o encontro na quinta (25) soou como uma “reunião de notáveis para ditar regras”, e o partido queixou-se com FHC.
Dessa vez, Alckmin buscou focar nas reformas trabalhista e previdenciária, afirmando serem necessárias para a retomada da economia. “Nosso compromisso é com o Brasil e com as reformas. Nós acreditamos que as reformas são necessárias para você retomar a atividade econômica”, disse.
E continuou: “Não mudou nossa posição em relação ao governo Temer. Não mudou. Pelo contrário. Nesse momento de instabilidade, estamos firmes, ajudando, e vamos aguardar o desdobramentos porque muitas coisas não dependem de nós”, disse o governador, ao ser perguntado por jornalistas sobre o assunto.
Pouco antes, Alckmin havia dito que o presidente da República continua trabalhando e que não houve, até agora, nenhuma decisão do Poder Judiciário. “O PSDB mantém o seu apoio [ao governo Temer]. Nós já atravessamos outra crise. Vamos atravessar também essa. Vamos fazê-lo com trabalho redobrado”, disse.
Alckmin foi ao encontro do conteúdo da carta divulgada nesta sexta (26) pelo Instituto Antônio Vilela, do PSDB, que começou afirmando que “independente do desfecho da crise, o país não pode abrir mão do caminho das mudanças em que vinha perseverando, sob pena de falência do Estado e de explosão da dívida pública.”
“Os desdobramentos dos últimos dias indicam que o país tem plenas condições de atravessar a turbulência atual, aguardando serenamente pela manifestação do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) dentro de duas semanas. No entanto, independente do desfecho da crise, uma coisa é fora de questão: o Brasil não pode abrir mão de perseverar no caminho das reformas estruturais”, diz o documento.
O governador paulista acabou ganhando afagos do prefeito de São Paulo, que falou da integração entre o governo do Estado e a prefeitura. “É uma relação absolutamente sólida entre o governador e o prefeito, relação essa que não se fundamenta apenas na política, se fundamenta numa história, 37 anos de amizade, absolutamente indivisível, absolutamente inquebrantável”, disse Doria.
Durante discurso, Doria elogiou a condução política do amigo. “Se estou aqui, devo a ele, que foi o grande avalista das prévias. Nossa relação é indivisível”, afirmou o prefeito tucano.