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Cidades
| Em 2 anos atrás

Valério Luiz sobre dez anos do assassinato do pai: “Dia espiritualmente pesado”

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Completando dez anos da morte do cronista e comentarista esportivo Valério Luiz de Oliveira, nesta terça-feira (05/07) o filho do radialista, Valério Luiz está na esperança que o júri popular de seu pai aconteça ainda este ano, mesmo com toda a “dificuldade”. Também classifica o dia cinco de julho como “espiritualmente muito pesado”, para ele e “para muita gente”.

Valério Luiz Filho foi o entrevistado do DG Entrevista desta terça-feira (05/07) e comentou, para além do sentimento de completar dez anos sem o desfecho para o crime que ceifou a vida de seu pai, o desejo de colocar uma pré-candidatura à Assembleia Legislativa do Estado de Goiás. Filiado ao PT, ele tentará concorrer a uma das cadeiras nas eleições que se avizinham.

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Domingos Ketelbey: É impossível começarmos essa entrevista sem falar do seu pai, o cronista esportivo Valério Luiz, assassinado há dez anos, num mesmo dia 5 de julho…

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Valério Luiz: É um dia espiritualmente muito pesado. Para mim e acredito que para muita gente. Hoje cedo eu fui lá na cena [do crime] de novo, olhar, pensar sobre as coisas. Gravei lá também algumas falas para marcar a data porque é necessário. Não pode passar em branco. Desde 2012, a gente nunca deixou essa data passar em branco. Assim deve ser, até que a Justiça seja feita. Mesmo após isso, acredito que será necessário lembrar, mas com Justiça sendo feita, vai ser possível lembrar com tônica de homenagem e não com a tônica de hoje que ainda é de protesto. Esse ano já contamos com quatro adiamentos. Foi um grande trabalho para poder fazer chegar o caso ao Júri popular e agora que chegou nessa fase a própria instauração tem sido uma dificuldade e um problema.

DK: O que mudou ao longo desses últimos dez anos?

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Valério Luiz: Eu costumo dizer que mudou muito, mudei completamente e que eu não posso dizer se essa mudança é para o bem ou para o mal. Eu me tornei uma pessoa que enxerga coisas que eu não enxergava antes. Existe um termo na filosofia que se chama alethea que o significado dessa palavra é abertura. Todos enxergam o mundo de algum lugar através das suas experiências e histórias de vida. São determinados acontecimentos nessa história de vida que possibilitam a abertura dela para o mundo. Nesse caso do meu pai, foi uma violência brutal quando me atingiu provocou uma abertura de visão que é impossível você enxergar antes dessa violência ser atingida. Principalmente, por causa da tarefa que nos foi imposto depois disso. Naquele momento, no dia cinco de julho ficou claro que isso era uma execução. Naquele momento, já estava presente uma tarefa nossa que era responsabilizar as pessoas que fizeram aquilo. Quando você chega o carro daquele jeito, a pessoa morta dentro, meu pai morto lá dentro. Aquilo é uma humilhação muito grande. Para nós, para o meu pai. Era uma mensagem de radical desvalorização da vida dele como se fosse “eu posso fazer isso aqui, a vida dele não vale nada e as pessoas que gostam dele também não valem nada”. Quem fez isso o fez na mais absoluta confiança que teria poder de se manter acima das consequências. Foi uma forma de julgar e humilhar meu pai e todos aqueles gostavam dele. A tarefa de responsabilizar as pessoas, estabeleceu ali.

Veja a entrevista com Valério Luiz de Oliveira Filho na íntegra abaixo:

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Domingos Ketelbey

Jornalista e editor do Diário de Goiás. Escreve sobre tudo e também sobre mobilidade urbana, cultura e política. Apaixonado por jornalismo literário, cafés e conversas de botequim.