. Se confirmado, esse será o quarto ano consecutivo de redução do orçamento de investimentos, após o pico de US$ 18 bilhões em 2011.
São Paulo – A Vale deverá anunciar na próxima semana um programa de investimentos de US$ 10,5 bilhões (excluindo pesquisa e desenvolvimento) para 2015, o que representará uma queda de US$ 3,3 bilhões em relação ao montante anunciado para 2014, segundo a média das estimativas de 11 instituições financeiras consultadas pelo Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, (BB-BI, BTG Pactual, Citi, Credit Suisse, Goldman Sachs, Itaú BBA, J.P.Morgan, Safra, Santander e duas casas que pediram para não serem identificadas). Se confirmado, esse será o quarto ano consecutivo de redução do orçamento de investimentos, após o pico de US$ 18 bilhões em 2011.
A queda brusca do preço do minério de ferro neste ano, que caiu praticamente pela metade, tem aumentado a pressão para maior rigidez no controle de custos e também a dúvida de como a mineradora irá equacionar uma forma de manter dividendos atrativos aos investidores.
Nos primeiros nove meses deste ano, os investimentos da Vale somaram US$ 8,2 bilhões, queda de 20,8% em relação a igual período do ano anterior. Embora a companhia afirme que os investimentos deverão acelerar na parte final do ano, a percepção do mercado é que a execução do orçamento não alcance aquele anunciado no fim do ano passado para este ano. A previsão média dos analistas é que os investimentos no ano fiquem em US$ 12 bilhões, US$ 1,8 bilhão a menos do que o previsto inicialmente.
Dividendos
O capex da Vale para 2015 tem sido um dos termômetros utilizados pelo mercado para se estimar os dividendos mínimos da companhia, já que a preocupação é se a mineradora terá fluxo livre de caixa para manter um yield (rendimento) ainda atrativo no atual cenário do mercado. Na média de seis casas, os dividendos a serem pagos pela mineradora no próximo ano serão de US$ 2,66 bilhões, ante US$ 4,2 bilhões em 2014.
Grande parte dos investimentos terá como destino a conclusão de seu maior projeto, o S11D, que consome o maior aporte da história da companhia, de US$ 19,5 bilhões, o que também impede que o capex seja radicalmente reduzido. Conhecido por Serra Sul, o projeto em Carajás tem seu início previsto para 2016 e, quando estiver em capacidade plena, irá alcançar uma produção de 90 milhões de toneladas anuais. A estimativa até o momento que a produção de minério da Vale saia de 321 milhões de toneladas em 2014 para 453 milhões em 2018.
Embora a derrocada dos preços do minério tenda a levar à conclusão de que os programas para aumentar a capacidade não têm sentido, a Vale vem reiterando que, nesse cenário, o início da produção do S11D é mais do que necessário, já que esse projeto irá garantir à companhia um minério de teor mais alto de ferro e a um custo muito mais baixo, o que, na prática, significará para a empresa perenidade mesmo diante de um ciclo de baixa dos preços do seu produto carro-chefe.
Os analistas do BTG Pactual Leonardo Correa e Caio Ribeiro destacam, em relatório a clientes, que a redução do capex contará com a ajuda do real depreciado. Isso porque a maior parte das receitas da companhia é em dólar, ao passo que a maior parte dos investimentos são realizados no Brasil. Em relação aos dividendos, os profissionais acreditam que, caso o preço do minério de ferro siga entre US$ 70 e US$ 80 a tonelada em 2015 e 2016, o que reduzirá o fluxo de caixa, haverá uma limitação para o pagamento de dividendos para aproximadamente US$ 2 bilhões, assumindo, ainda, que a empresa financie esse total com algum aumento de alavancagem.
Também em relatório os analistas do Credit Suisse Ivano Westin, Renan Criscio e Santiago Perez Teuffer afirmam que, em Nova York, em reunião marcada para a próxima terça-feira com analistas quando será anunciado o capex, a expectativa é que o foco da empresa seja mostrar oportunidades de desinvestimentos, iniciativas de redução de custos, aumento de produção de minério de ferro e dos metais básicos, além da redução dos investimentos, como forma de ajudar na geração de caixa livre, o que poderia abrir espaço para a manutenção de dividendos ainda atrativos. Apesar disso, os profissionais apontam que a redução dos dividendos em 2015 é inevitável.a