A Unicamp apresentou nesta quinta-feira (31) uma proposta de mudança no vestibular que abre mais quatro formas de acesso à universidade.
Elas incluem cotas, Enem, vestibular indígena e vagas para medalhistas de competições científicas.
As mudanças foram propostas pelo grupo de trabalho nomeado para estudar o tema. As sugestões serão encaminhadas às diversas faculdades para debates internos, e a decisão final acontecerá em novembro, em reunião do Conselho Universitário.
Se aprovadas, as mudanças valerão para os estudantes que ingressarem a partir de 2019.
Atualmente, a Unicamp seleciona alunos pelo vestibular tradicional e pelo Paais, programa que dá bônus a estudantes pretos, pardos e indígenas que cursaram o ensino médio em escolas públicas.
Agora, pela nova proposta, 80% das vagas serão oferecidas pelo vestibular e 20% pelo Sisu (Sistema de Seleção Unificada), do MEC, pelo qual estudantes do país inteiro podem se candidatar usando a nota do Enem.
Dessas vagas do Sisu, metade será reservada a candidatos autodeclarados pretos ou pardos (sendo 5% para autodeclarados pretos e pardos que cursaram escola pública e 5% para pretos e pardos de qualquer escola) e os outros 10% irão para outros inscritos que cursaram o ensino médio em escolas públicas.
Haverá cotas também nas vagas do vestibular próprio da Unicamp. Do total de vagas, pelo menos 15% serão para alunos autodeclarados pretos e pardos.
Com isso, a Unicamp terá um total de 25% de cotas étnico-raciais (10% pelo Sisu e 15% pelo vestibular).
Segundo José Alves de Freitas Neto, presidente do grupo de trabalho, a meta é superar esse índice e chegar a um patamar próximo a 37%, que é a proporção de população preta e parda no Estado de São Paulo. “O objetivo é aumentar a representatividade da população e a diversidade na Unicamp.”
Atualmente, a proporção de alunos declarados pretos e pardos na Unicamp é de 22%.
VESTIBULAR INDÍGENA
A comissão propõe também um vestibular específico para indígenas.
Com a mudança, seriam reservadas a esse público até duas vagas não preenchidas na primeira chamada de matrícula de 16 cursos: medicina, ciências biológicas, farmácia, enfermagem, educação física, nutrição, ciências sociais, letras, linguística, pedagogia, geografia, história, filosofia, administração, comunicação social -midialogia e engenharia agrícola. Cada uma dessas graduações receberia até dois alunos pelo vestibular indígena.
A ideia, diz o professor Freitas Nobre, é que os índios disputem vagas entre candidatos com “saberes similares”. Com isso, farão uma prova específica, que avaliará alguns conhecimentos comuns aos demais, como física e matemática, e outros diferentes. Não se pedirá, por exemplo, nem inglês nem os mesmos livros exigidos no vestibular tradicional.
Serão admitidos candidatos autodeclarados indígenas que possuam vínculo com sua comunidade, “residentes em terras indígenas, reservas e/ou cidades”. A recomendação é que a prova seja feita em no mínimo três capitais do país, e que os alunos contem uma bolsa permanência ao longo dos estudos.
OLIMPÍADAS DE CONHECIMENTO
Pela proposta, vagas que não tenham sido ocupadas na primeira chamada do vestibular também serão abertas em alguns cursos a alunos premiados em competições científicas de “grande reconhecimento pela comunidade acadêmica”, como a Olimpíada Brasileira de Matemática e a Olimpíada Brasileira de Física.
BÔNUS
Programa de bônus, o Paais também é alvo da proposta. A pontuação extra, adicionada à nota final da primeira e da segunda fase do vestibular, passa a ser de 40 pontos para estudantes que cursaram todo o ensino médio na rede pública e de 20 pontos para estudantes que cursaram todo o ensino fundamental 2 na rede pública. Com as mudanças previstas, o sistema deixará de abranger os autodeclarados pretos, pardos e indígenas.