A única vítima do vigilante Tiago Henrique Gomes da Rocha, o “serial killer”, que sobreviveu depois de ser atacada, disse estar traumatizada, com medo de motociclistas e de andar sozinha, além de ter pesadelos e dificuldade de trabalhar. A vendedora ambulante Euripa dos Reis Soares fez as declarações ao juiz Jesseir Coelho de Alcântara, da 1ª Vara Criminal de Goiânia.

Conforme a denúncia do Ministério Público do Estado de Goiás (MPGO), a tentativa de homicídio contra Euripa ocorreu no dia 19 de julho de 2014, por volta das 23h40, nas imediações do Córrego Cascavel e da Feira do Chopp, no Setor Aeroviário, em Goiânia. Euripa e sua amiga Adriana Bandeira Espinola Goes desembarcaram de um ônibus do Eixo Anhanguera, quando Tiago decidiu se aproximar das duas. O vigilante abordou as mulheres e anunciou um roubo. Enquanto Euripa pegava seu aparelho celular para entregar, ele disparou contra ele. O tiro atingiu o pescoço. A vendedora ainda conseguiu correr alguns metros, mas caiu. Tiago fugiu do local.

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Segundo Euripa, desde o dia do crime, ela nunca conseguiu esquecer o rosto de Tiago. Ela informou que, no momento da abordagem, o vigilante estava com a viseira do capacete levantada. “Eu não tinha medo de nada, hoje, tenho medo de tudo. Não gosto de sair de casa e entro em pânico ao ouvir o nome dele”, declarou.

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Ao responder questionamento da promotora Sandra Lemes, a vítima contou com detalhes de como foi o crime. “Ele chegou e falou que era um assalto. Eu estava na calçada e ele nem desceu da moto. Quando fui pegar o celular, ele levantou a blusa, pegou o revólver e atirou em mim. Antes de cair no chão, caminhei em volta da moto. Ele ficou me olhando para ver se eu tinha morrido. Então, fugiu”, contou Euripa.

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“O crime atrapalhou a minha vida. Além de estar traumatizada, eu não consigo trabalhar direito, pois não tenho como anunciar os produtos que vendo. A minha voz ficou fraca e eu sinto muita falta de ar”, disse a vendedora.

A única testemunha do crime, Adriana Goes, não foi encontrada para prestar depoimento na audiência. Ao ser questionada sobre a possibilidade de encontrá-la, Euripa afirmou ter perdido contato com ela.

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Novo Júri

O vigilante será submetido a um novo júri nesta quarta-feira (11). Desta vez, ele será julgado pelo 1º Tribunal do Júri de Goiânia, sob a presidência do juiz Eduardo Pio Mascarenhas, pelo homicídio de Mauro Ferreira Nunes, com as qualificadoras de crime praticado por motivo torpe e com emprego de recurso que impossibilitou a defesa da vítima. 

O vigilante já foi condenado, em 8 processos, a mais de 142 anos de prisão – seis homicídios, assalto a mesma agência lotérica duas vezes e porte de arma de fogo de uso proibido. 

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