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Política
| Em 8 meses atrás

Única goiana da CCJ, Lêda Borges estima que prisão de Chiquinho Brazão volte à discussão em 10 dias

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Por causa de um pedido de vistas conjunto (Novo, PP e Republicanos), a Comissão de Constituição e Justiça e Cidadania (CCJ) da Câmara dos Deputados adiou no final da tarde desta terça-feira (26), a votação que autoriza a prisão do deputado Chiquinho Brazão (sem partido-RJ).  Em entrevista ao Diário de Goiás, a única parlamentar da bancada goiana que faz parte da CCJ, Lêda Borges (PSDB), estimou que o processo deve demorar cerca de dez dias devido ao prazo legal e do feriado da Páscoa.

O deputado Brazão é um dos acusados de ter mandado assassinar a vereadora Marielle Franco (PSOL), em 2018, no Rio de Janeiro. Pelo foro privilegiado, sua prisão sem ser em flagrante exige avaliação da Câmara dos Deputados. Brazão acompanhou a sessão remotamente direto do presídio da Papuda, em Brasília. Em sua defesa disse que tinha um “ótimo relacionamento” com Marielle na Câmara Municipal carioca.

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Prisão de Brazão fica mantida até CCJ decidir, afirma deputada goiana

“Enquanto a CCJ e a Câmara não decidirem sobre o tema, o parlamentar permanece preso. Buscamos o rito legal que deve ser cumprido. Não posso ter uma opinião pessoal. Acima de nós, há a Constituição Federal”, avaliou Lêda. Na sustentação, ela cita o parágrafo 2º do artigo 53 da Constituição. O texto garante que deputados e senadores não podem ser presos senão em flagrante delito.

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Por ser membro da CCJ, a parlamentar não informa sua posição ainda, se a favor ou contra a prisão, e por consequência se votará a favor ou não da cassação de Chiquinho Brazão. Ela conta que é o primeiro caso na Câmara Federal que acompanhou de perto, mas não o único de sua vida política.

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Em Valparaíso de Goiás, quando era vereadora, Lêda Borges participou de um processo que culminou na cassação de um colega da Câmara de Municipal. “No caso, eram provas robustas, o vereador ficou 90 dias preso por um crime inafiançável e teve o mandato cassado”, contou.

Prisão no domingo e após delação

Perguntada se o que existe no processo contra o deputado Brazão não é robusto também, ela destacou que a prisão ocorreu em um domingo, diante de uma delação, e que o rito legal precisa levar isso em consideração.

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Segundo a parlamentar, o pedido de vistas vai dar oportunidade para uma análise jurídica mais aprofundada pelas bancadas dos membros da CCJ sobre a prisão, que fica mantida. “É um inquérito, me parece, de mais de 300 páginas para ser esmiuçada em dez dias, com uma pessoa presa”, concluiu.

Relator deu parecer favorável à prisão

O relator do caso na CCJ, deputado Darci de Matos (PSD-SC), chegou a apresentar parecer favorável a manter o parlamentar detido. O relator sustentou que considera “correta e necessária” a decisão proferida pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), mas que é preciso aprofundar no debate sobre o critério definido para a prisão de parlamentares.

Apesar da estimativa da deputada Lêda Borges, parte da imprensa registou, antes do pedido de vistas, que a votação do relatório poderia ocorrer esta semana. Isto se o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), chamar o caso diretamente ao plenário, considerando o prazo de até 72 horas a partir do recebimento da notificação do Supremo, culminando na quinta-feira (28).

Bate boca na CCJ

Pediram vista na sessão da CCJ desta terça os deputados Gilson Marques (Novo-SC), Roberto Duarte (Republicanos-AC) e Fausto Pinato (PP-SP). Houve protestos de deputados de esquerda e bate-boca entre membros da CCJ.

A deputada Sâmia Bomfim (PSOL/SP) reagiu ao pedido de vistas: “São seis anos esperando por justiça e vocês passando pano para miliciano”. Foi também uma resposta para críticas de que estava havendo pressa demais para a decisão, que é um passo crucial para uma cassação de mandato.

Se forem seguidos casos similares, como o do ex-deputado bolsonarista Daniel Silveira, o próximo passo é a apreciação do relatório da CCJ no plenário da Câmara. Contudo, é necessária maioria absoluta. Ou seja, é preciso 257 parlamentares para a aprovação final.

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Marília Assunção

Jornalista formada pela Universidade Federal de Goiás. Também formada em História pela Universidade Católica de Goiás e pós-graduada em Regulação Econômica de Mercados pela Universidade de Brasília. Repórter de diferentes áreas para os jornais O Popular e Estadão (correspondente). Prêmios de jornalismo: duas edições do Crea/GO, Embratel e Esso em categoria nacional.