O Núcleo de Estudos da Violência e da Criminalidade (Necrivi) da Universidade Federal de Goiás (UFG) realizou um levantamento que aponta que os adolescentes estão entre as principais vítimas de assassinato no Brasil. Além disso, também foi constatado que os jovens são os que menos cometem infrações.
De acordo com dados do Índice de Homicídios de Adolescentes (IHA) no país, de 2012, Goiânia está entre as dez capitais brasileiras que possui maior número de mortes de adolescentes por homicídios. O número é maior que da cidade de São Paulo desde 2006. Quando comparado ao Estado, Goiás está na 7ª posição do ranking. Em 2009, ocupava o 16º lugar.
Segundo o levantamento, a maioria dos delitos cometidos por jovens se refere a crimes contra o patrimônio. Dados de 2013 sobre adolescentes infratores que cumprem medidas socioeducativas em Goiânia mostram que os delitos contra o patrimônio somam 67,7% dos jovens internados com restrição de liberdade e 66,4% dos acompanhados por Centros de Referência Especializados de Assistência Social (Creas). Cerca de 21,5% dos adolescentes que cometeram atos contra pessoas estão em meio fechado e 4,2%, em meio aberto.
Para o coordenador do Núcleo e diretor da Faculdade de Ciências Sociais da UFG, Dijaci David de Oliveira, foi criada uma imagem distorcida de que os adolescentes são responsáveis pela maioria dos crimes que acontecem no Brasil. No entanto, de acordo do Dijaci, são os jovems que têm sido vitimados.
O coordenador ainda afirma que é necessário criar maneiras de diminuir a criminalidade por esse grupo, mas sem reduzir a maioridade penal. “Alguns estudos feitos nos Estados Unidos têm demonstrado que, ao contrário do que afirmam os adeptos da teoria do sistema penal máximo, não foi o encarceramento que reduziu a criminalidade no país, mas os investimentos sociais”, explica.
O índice de homicídios cometidos por menores em Goiânia é de 0,8%. O maior percentual se refere a roubo, furto e interceptação, com 36,3%. Já o crime de tráfico de drogas é de 6%. “Em qualquer país, adolescentes são uma das faixas etárias que menos praticam crimes. Trata-se de uma tendência mundial”, diz outro pesquisador Necrivi, Dione Antônio Santinbanez.
O estudo também levou em consideração o perfil socioeconômico dos menores infratores. Os que cumpriam medidas socioeducativas pelo Creas na capital, em 2013, eram, em grande parte, oriundos de famílias em situação de vulnerabilidade econômica e social. 86% das famílias possuíam renda de até três salários mínimos.
A baixa escolaridade também foi um ponto a ser pesquisado e foi constatado que 69,8% dos adolescentes que recebiam o acompanhamento não frequentavam a escola. 94,8% não faziam cursos profissionalizantes.