O grupo de modelagem da Universidade Federal de Goiás (UFG) transferiu à Secretaria Estadual de Saúde (SES-GO) a tecnologia capaz de calcular o Re, índice que mede a taxa de crescimento da pandemia de covid-19. O mapa regionalizado com a situação epidemiológica do estado foi feito baseado no programa dos pesquisadores.
A ferramenta foi desenvolvida pelo professor José Alexandre Felizola Diniz Filho e pelo pós-doutorando Lucas Jardim, do Depto. de Ecologia do ICB e associado ao INCT em Ecologia, Evolução e Conservação da Biodiversidade.
As estimativas, segundo Diniz Filho, são uma das variáveis que compõem o quadro e dão uma noção do risco de cada região. A SES-GO, para confeccionar o mapa, também utilizou outros critérios, como a capacidade do município ou região de lidar com o problema do aumento potencial nas hospitalizações e nos óbitos.
Estimativas
De acordo com as estimativas do professor, Goiânia atualmente tem o R estimado entre 0.9 e 1.5. Com o índice em 0.9, cada 100 infectados transmitem o vírus para cerca de 90, o que indica retração da epidemia. Porém, o indicador acima de 1 denota avanço da doença. No caso do R em 1.5, cada 100 pessoas contaminadas transmitiriam o vírus para outras 150.
Em Aparecida de Goiânia e Anápolis, segunda e terceira maiores cidades do estado, o R varia entre 1.0 e 1.9. Segundo Diniz Filho, “os intervalos são amplos porque tem muita incerteza nos dados de novos casos, especialmente por atraso nas atualizações e notificações”. As estatísticas correspondem à taxa de transmissão no fim de janeiro e início de fevereiro.
No estado como um todo, o R é estimado entre 0.8 e 1.3. “Isso é coerente com os números de hospitalizações que estamos vendo agora, crescendo mais ou menos de forma linear, talvez um pouco mais rápido”, destacou o professor.
Ao Diário de Goiás, Diniz Filho explicou que a segunda onda, “em termos de número de pessoas na UTI, tanto no estado quanto em Goiânia, já chega próximo ao máximo que tivemos em julho-agosto”. Atualmente, há 450 UTIs ocupadas, conforme os dados da SES-GO. Diniz Filho lembra que, no pico da primeira onda, o máximo foi de 500.
Sobre as medidas restritivas que estão sendo adotadas por municípios goianos, o professor crê que os resultados podem ser aparentes em cerca de duas semanas. Contudo, o descumprimento de regras durante o carnaval preocupa.
“Tivemos uma maior aglomeração agora no carnaval, festas clandestinas, e as novas variantes que são mais infecciosas estão chegando mais claramente por aqui”, pontuou.