O presidente dos EUA, Donald Trump, receberá o homólogo brasileiro, Michel Temer, para um jantar na próxima segunda-feira (18) às margens da Assembleia Geral da ONU, em Nova York.
Foram convidados ainda o presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, e o do Peru, Pedro Pablo Kuczynski –este último ainda não confirmado. Os dois, assim como o argentino Mauricio Macri, já foram recebidos por Trump na Casa Branca no primeiro semestre de seu governo.
O jantar seria inicialmente oferecido a Temer e Santos na Trump Tower, residência do presidente na cidade, mas os planos devem mudar em razão do espaço, já que o convite foi estendido a Kuczynski. O novo local não foi informado devido à segurança.
Entre os temas a serem tratados está a crise na Venezuela. Em agosto, o vice-presidente dos EUA, Mike Pence, fez um tour por Colômbia, Argentina, Chile e Panamá cujo tema central foi o regime de Nicolás Maduro. O Brasil ficou fora do roteiro.
Na ocasião, Pence disse que os EUA queriam trabalhar com países da região e afirmou que a América Latina “pode fazer mais para tentar restabelecer a democracia na Venezuela”. “É preciso aumentar a pressão diplomática e econômica”, disse o vice de Trump em Buenos Aires.
Macri não vai a Nova York por causa da campanha eleitoral no país, que tem eleições legislativas em outubro, e será representado pela vice, Gabriela Michetti.
Trump e Temer se cumprimentaram e falaram rapidamente durante a reunião do G20, em Hamburgo, na Alemanha. Esse será o primeiro encontro entre os dois, oito meses após a posse de Trump.
Eles, contudo, tinham conversado por telefone logo após a eleição de Trump, em novembro de 2016, e novamente em março, quando o presidente americano disse ter interesse de receber Temer na Casa Branca.
CRISE
Segundo a reportagem apurou, os planos de receber o brasileiro numa visita de trabalho -o que demanda meses de preparação- tiveram como complicador a crise política no Brasil nos últimos meses, quando Temer foi denunciado por corrupção passiva e a Câmara barrou a denúncia em votação em 2 de agosto.
Um encontro às margens da assembleia da ONU passou a ser a opção mais viável.
Um jantar oferecido por Trump à véspera da abertura da Assembleia, na qual se reunirão líderes de mais de 190 países, tem um peso político importante para o Brasil.
A presença dos outros dois líderes sul-americanos, porém, pode dificultar o debate de temas bilaterais Brasil-EUA. É possível, contudo, que o interesse comum dos dois governos em avançar com reformas tributárias seja abordado pelos presidentes.
Temer embarca para Nova York logo após a posse da nova procuradora-geral, Raquel Dodge, na segunda-feira (18).
Na terça (19), ele fará o discurso de abertura da Assembleia Geral, seguido de Trump -é tradição que presidentes brasileiros abram a sessão de debates depois que Oswaldo Aranha, então chefe da delegação brasileira, presidiu a Primeira Sessão Especial da Assembleia, em 1947.
Temer ainda participará do evento “Brazil: The Road Ahead” (Brasil: a estrada à frente), promovido pelo jornal “Financial Times”, e da cerimônia para a assinatura de um acordo aprovado por 122 países da ONU para banir armas nucleares. Potências nucleares, como EUA e Rússia não aderiram ao acordo.