SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O presidente eleito dos EUA, Donald Trump, recebeu nesta segunda-feira (16) uma manifestação positiva daquele que pode ser um de seus grandes alvos na América Latina: o mandatário venezuelano, Nicolás Maduro. Em entrevista coletiva, Maduro disse que o republicano sofre “uma campanha de ódio global”. “É surpreendente a campanha de ódio que existe contra Trump, brutal, no mundo inteiro, nos Estados Unidos.”
Para o chavista, a gestão do bilionário não será pior que a do democrata Barack Obama, que sancionou o governo venezuelano e considerou o país petroleiro uma ameaça à segurança americana.
“Não nos adiantemos aos fatos, com relação a esta questão quero ser prudente e dizer para esperarmos. Pior que Obama não será, isso é o único que eu me atrevo a dizer”, afirmou na entrevista.
Ele disse que Obama deixou “um legado de guerra e destruição na África e no Oriente Médio, um mundo infestado pelo terrorismo e golpes em Honduras, no Paraguai e no Brasil” e disse esperar uma melhor relação com Trump.
Maduro se diz vítima de uma guerra econômica conduzida pela administração Obama para prejudicar países como a Venezuela. Para o presidente, a queda acentuada no preço do petróleo foi motivada pelo americano.
O chavista ainda acusa seu colega americano de financiar seus adversários políticos, que dominam a Assembleia Nacional, e de coordenar quadrilhas de contrabandistas de alimentos e divisas na Colômbia e no Brasil.
Na última acusação, disse que a entrada em circulação da nova família do bolívar teve um atraso de um mês devido a uma sabotagem feita pelos EUA para evitar as perdas com o fim das notas de 100 bolívares.
ÀS TURRAS
Não é a primeira vez que o republicano e o chavista ficam do mesmo lado desde o início da campanha. Maduro se irritou com a comparação feita de adversários de Trump com antecessor, Hugo Chávez (1954-2013).
Apesar da defesa, a relação dos bolivarianos também não foi boa com o último republicano que passou pela Casa Branca. Em discurso na Assembleia-Geral da ONU em 2006, Chávez chamou George W. Bush de diabo.
“Ontem o diabo esteve aqui. Este mesmo lugar ainda tem cheiro de enxofre. O presidente dos EUA veio aqui e falou como se fosse dono do mundo. Não seria muito se um psiquiatra analisasse seu discurso.”
Embora vivessem entre ataques, os dois países só deixaram de ter embaixadores um no outro em 2010, já no início do primeiro governo de Obama.