O presidente Donald Trump anunciou neste sábado (25) que não vai participar do jantar anual dos correspondentes da Casa Branca neste ano, uma tradição que simboliza a relação cordial entre o presidente e a imprensa.
“Eu não vou ao jantar da Associação dos Correspondentes da Casa Branca neste ano. Meus melhores desejos a todos e aproveitem a noite!”, escreveu Trump em sua conta no Twitter. A celebração será em 29 de abril.
A decisão foi anunciada um dia depois de a “guerra” que Trump declarou com a imprensa atingir um outro nível. Na sexta (24), pelo menos quatro veículos -CNN, “New York Times”, “Los Angeles Times” e o site Politico- foram barrados na entrevista coletiva diária dada pelo porta-voz da Casa Branca, Sean Spicer.
Também na sexta, o presidente repetiu em um discurso que a imprensa é “inimiga do povo americano” e defendeu o fim do anonimato de fontes jornalísticas.
O jantar anual foi realizado pela primeira vez em 1921, mas só em 1924 que um presidente, Calvin Coolidge, compareceu ao evento.
Desde então, apenas um presidente -Jimmy Carter- não participou da celebração, segundo o “Washington Post”. Em 1978, o democrata justificou cansaço e não compareceu.
Três anos depois, o republicano Ronald Reagan fez seu discurso por telefone por estar na residência de Camp David se recuperando de uma tentativa de assassinato -ele havia sido atingido por um tiro ao sair do Washington Hilton Hotel em 30 de março de 1981.
O jantar dos correspondentes, um evento de gala, reúne políticos, jornalistas e celebridades. O discurso do presidente no evento é geralmente descontraído, e Barack Obama adotou um tom ainda mais informal, com um repertório recheado de piadas.
Em 2011, inclusive, um dos alvos foi Trump, que estava na plateia. Na época, o empresário questionava se Obama era mesmo americano. O presidente, que havia divulgado a certidão de nascimento na semana do evento, ironizou: “Agora que está esclarecido, ele pode voltar ao que realmente importa: nós forjamos a viagem à lua?”.
Já havia a expectativa que Trump recusasse o convite da associação, diante do embate que trava diariamente com a mídia. Nesta sexta, contudo, a Associação dos Correspondentes da Casa Branca também se manifestou sobre o bloqueio aos jornalistas no briefing do porta-voz.
“Protestamos fortemente contra a forma como a Casa Branca lidou com a coletiva de hoje. Incentivamos as organizações autorizadas a entrar a compartilhar o material com outros meios de comunicação”, disse o presidente da associação, Jeff Mason.
A tensão aparentemente se intensificou desde a última quinta, após a CNN revelar que o FBI (polícia federal americana) teria rejeitado um pedido da Casa Branca para negar publicamente as revelações feitas pelo “New York Times” sobre contatos da equipe de Trump com Moscou durante a campanha. (Folhapress)