Publicidade
Categorias: Política
| Em 12 anos atrás

Tribuna do Planalto: “PT: jogo duro, mas aberto a negociar”

Compartilhar

Os integrantes do PT em Goiás se movimentam em busca de convencer o partidos aliados de tem nomes competitivos para a disputa de 2014. Segundo reportagem do Repórter Daniel Gondim, do Jornal Tribuna do Planalto, existem duas alas no partido: os mais entusiastas que querem ter candidato e outro grupo admite abrir mão para um nome do PMDB. Humberto Aidar e Rubens Otoni são enfáticos em defender um nome do partido. Já o prefeito de Goiânia Paulo Garcia e o presidente estadual do partido Valdi Camárcio admitem abrir mão da candidatura. Os nomes do PT para a disputa seriam Paulo Garcia, prefeito de Goiânia, ou, Antônio Gomide, prefeito de Anápolis. Uma frase de Rubens Otoni, deputado federal, é emblemática “Tem que ser um nome melhor que o nosso. Não é só dinheiro no bolso que faz um candidato melhor”.Dani

Publicidade

 

Publicidade

 

Publicidade

Dan

(Daniel Gondim) 

Publicidade

PT: jogo duro, mas aberto a negociar

O PT continua com discurso de liderar a chapa de oposição ao governador Mar¬coni Perillo (PSDB) em 2014. Mesmo com a eminente filiação do empresário Júnior do Friboi ao PMDB e a possibilidade de candidatura do ex-prefeito de Goiânia, Iris Rezende (PMDB), o partido segue firme com o projeto de ter candidato próprio em 2014, aproveitando o bom momento vivido pela legenda. Lideranças petistas, porém, admitem que o partido está aberto a negociações e “espera ser convencido a deixar a cabeça de chapa” para o aliado.

O discurso de valorização do partido, contudo, permanece o mesmo. “Tem que ser um nome melhor que o nosso. Não é só dinheiro no bolso que faz um candidato melhor”, garante o deputado federal Ruben Otoni (PT), visivelmente cutucando Friboi. Outros nomes do partido têm opinião parecida. “Nós não temos o direito de não postular uma vaga. Fal¬tando ainda um ano e meio pa¬ra a eleição, o PT não pode se colocar já como coadjuvante”, analisa o deputado estadual Humberto Aidar (PT).

O motivo da confiança ainda é o bom desempenho do partido nas eleições municipais de 2012. Os prefeitos Paulo Garcia e Antônio Gomide foram eleitos no primeiro turno em Goiânia e Anápolis, respectivamente, o que, na visão dos petistas, fortaleceu a sigla. Agora, os petistas querem que o partido seja valorizado à altura de sua importância.

Governando dois dos três maiores colégios eleitorais do Estado, o PT passou a ver como natural ter um candidato ao governo em 2014. Além disso, os próprios prefeitos eleitos começam a ser vistos como probabilidades. “Temos uma condição real, temos nomes bons e competitivos. Se olhássemos o bonde passando, ficaríamos sempre para trás”, analisa o deputado estadual Karlos Cabral (PT).

Convencimento
Apesar de um discurso “mais rebelde”, petistas também consideram que o partido pode seguir outro caminho que não a de lançar candidato próprio. O “morde e assopra” seria, portanto, uma tentativa de mostrar que o partido quer estar nas negociações pela cabeça de chapa, mas que também não quer que a postura firme crie desgastes com os aliados.

Em março, por exemplo, o presidente nacional do PT, Rui Falcão, esteve em Goiânia para participar das comemorações dos 33 anos do partido. No evento, realizado na Assembleia Legislativa, os petistas goianos mostraram-se animados com o momento do partido e falavam em candidatura própria. O dirigente, porém, foi diplomático, ressaltando os bons nomes da sigla, mas lembrando da necessidade de haver conversa com os aliados no Estado.

O deputado federal Rubens Otoni, por exemplo, diz ser favorável à união das oposições. “O nome do candidato só será decidido em 2014. Temos que ir às ruas para trabalhar e depois decidir quem será o nome. Só em 2013, eu já visitei 77 municípios goianos. O candidato sendo ou não do PT, usará toda essa estrutura, esse contato feito previamente”, garante.

O lado mais agressivo do PT também é facilmente percebido. Cientes de que ainda há pouco mais de um ano até a definição do nome de quem será o candidato da oposição, os petistas também mostram que o partido tem possibilidades, cabendo a quem discorda convencê-los do contrário.

“Eu quero ser convencido de que outros partidos têm nomes melhores que os nossos”, avisa Humberto Aidar. Já Rubens Otoni é ainda mais otimista. “Eu não quero ser convencido não, eu quero é convencer de que nós temos os melhores nomes”, afirma.

Flutuando entre os dois extremos, o partido já está em processo acelerado nas conversações sobre 2014. Até agora, Ceres, Porangatu, Valparaíso e Simolândia já receberam encontros regionais do partido, que servem para discutir os possíveis rumos que do futuro da sigla. Quem foi aos encontros garante que já há muita animação e confiança para uma candidatura própria.

“Há uma coqueluche em torno do nome do prefeito Antônio Gomide, por exemplo, que hoje é conhecido em todo o Estado pelo trabalho feito em Anápolis”, afirma o deputado estadual Mauro Rubem (PT), ao comentar o teor das articulações feitas nos encontros.

Com tudo isso, a tendência é que, pelo menos por enquanto, o PT ainda deve manter o discurso firme de candidatura própria sem, no entanto, abrandar a postura em certos momentos. “O PT não é melhor, mas também não é pior. Se outros podem apresentar nomes, também podemos”, resume Rubens Otoni.

Divisão
Dentro do PT, há também uma ala que está mais pacificada quanto ao possível apoio a um candidato do PMDB para a disputa pelo governo do Estado. O próprio prefeito de Goiânia, Paulo Garcia, apontado como um dos supostos pré-candidatos do partido, é mais comedido ao comentar sobre as intenções do partido. Ele admite que a sigla está fortalecida, mas que isso não implica que ela tem que encabeçar um projeto.
“Isso faz parte da democracia. O desejo individual de alcançar postos de poder por parte de membros de partidos políticos, faz parte. Mas as direções partidárias costumam representar a média do pensamento partidário. E a média é sempre muito sensata e não atua com extremismo”, disse Paulo Garcia, em entrevista à Tribuna publicada na edição passada.

A falta de entusiasmo do prefeito de Goiânia, porém, pode ter outra explicação. Ele tem forte ligação com o ex-prefeito da capital e ex-governador de Goiás, Iris Rezende (PMDB), de quem foi vice na prefeitura entre 2008 e 2010. Além disso, o peemedebista foi o grande avalista da campanha à reeleição do prefeito petista, tendo, inclusive, freado o interesse do PMDB de ter candidato próprio.

Assim, uma declaração mais forte do prefeito favorável a um nome do PT pode estremecer a relação dele com Iris. Ainda na entrevista, Paulo fez questão de elogiar o peemedebista e não o excluiu da disputa eleitoral de 2014. “Afastá-lo desse processo é como se tivéssemos um Pelé e abríssemos mão dele para jogar na seleção brasileira”, comparou.

Outro que também é mais reticente é o presidente do diretório regional do PT, Valdi Camárcio. Ele, que é o atual secretário de Administração da prefeitura de Goiânia, já declarou em entrevistas que o partido deve apoiar um nome do PMDB, mas sem descartar a possibilidade de um candidato próprio.

Essa postura, porém, não tem respaldo em outros petistas. “Acredito que o partido tem legitimidade de discutir isso. Ninguém tem o direito de falar que o PT não pode ter candidato próprio”, analisa Karlos Cabral.

Dificuldades
A confiança do PT em poder ter o cabeça de chapa, porém, esbarra em outras questões. O PMDB, partido de maior abrangência no Estado, cobra que o PT abra mão do posto. Os peemedebistas consideraram o apoio ao prefeito Paulo Garcia na disputa pela prefeitura de Goiânia como um acordo, que obrigaria os petistas a abdicarem de indicar um nome para o Palácio das Esmeraldas.

Além disso, o cenário nacional também terá peso determinante no lançamento ou não de uma candidatura própria do PT. Preocupado com a reeleição da presidente Dilma Rousseff, o diretório nacional pode solicitar que o PT goiano deixe espaço para o PMDB.

Ainda assim, os petistas não aceitam ficar fora da discussão. “Os aliados insistem em imaginar que as coisas no PT acontecem como no partido deles, em que um cacique determina o que será feito. Isso desrespeita nosso processo interno”, avisa Karlos Cabral.

Publicidade