Deputados estaduais contrários ao governo não tem plano de atuação conjunta e tropeçam nas ações legislativas. Já no primeiro embate do ano, líder do PMDB ignora PT e apoia projeto da Celg como queriam governistas

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A atual legislatura da Assembleia Legislativa já parte para seu último ano e, até o momento, a oposição na Casa pouco fez. Ausências, discursos rasos e, até mesmo, ajuda à base governista para a aprovação de matérias marcaram a atuação da maior parte dos oposicionistas eleitos em 2010. Se não fosse o bastante, o panorama em 2014 não prevê fortificação da oposição. Pelo contrário. Deputados contrários o governador Marconi Perillo (PSDB) começam o ano eleitoral sem um plano de atuação conjunta. Ao que tudo indica, e o que mostra as primeiras sessões do ano, a oposição continuará no ‘cada um por si’, sem foco e tendo dificuldades de arranhar a imagem da base governista.

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Entre os deputados da oposição, é consenso que a atuação precisa melhorar, mas ainda falta articulação para uma estratégia mais orquestrada. O deputado Daniel Vilela (PMDB) afirma que até agora não existe nada definido sobre a atuação da oposição, apesar de ressaltar que por este ser um ano eleitoral a tendência é do debate se acirrar. Francisco Gedda (PTN) diz que reuniões quinzenais serão realizadas para alinhar o discurso, mas não citou datas, apenas que elas serão feitas assim que voltarem do recesso parlamentar, interrompido na semana passada, pela autoconvocação para votar matérias de interesse do governo.

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Wagner Siqueira (PMDB) diz que a fiscalização sobre o Executivo irá ser maior neste ano. Explica que não vão trabalhar para atrapalhar o governo, mas que vão ter mais critérios na avaliação de matérias e quando acharem necessário, propor emendas. Wagner não citou estratégias para 2014, mas ressalta que toda questão levantada com bom senso terá a adesão dos demais colegas. Disse que não houve encontro entre os parlamentares, mas que assim que as atividades da Casa voltarem em fevereiro os deputados devem se reunir para discutir a forma de atuação.

Contraste
É possível notar um claro contrassenso entre o discurso e a prática da oposição. No início de 2013, por exemplo, os seus integrantes realizaram reuniões para alinhar o discurso, mas o que se viu foi os governistas atuarem com facilidade. Os discursos contra o governo aconteceram de forma inflamada, por alguns deputados, mas o que se viu na prática foram ações que beneficiaram o governo. Um exemplo pôde ser visto agora, na quarta, 23, e quinta, 24, durante a votação do empréstimo de R$ 1,8 bilhão para a Celg.

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Deputados de oposição queriam emendar a matéria no parágrafo sobre a destinação do empréstimo para a estatal. No projeto original, havia a descrição de que o recurso seria utilizado na infraestrutura e em “outras aplicações”. A intenção com a alteração era especificar que os recursos seriam utilizados somente em investimentos de infraestrutura.

A oposição apresentou uma emenda na terça, 22, mas esta foi rejeitada na Comissão Mista na quarta, 23. O deputado Fábio Souza (PSDB), líder do governo, apresentou uma nova proposta de emenda com o acréscimo de um novo artigo especificando que os recursos seriam para aplicação em manutenção e ampliação do sistema de distribuição de energia elétrica, vedada a sua utilização para pagamento de despesa com pessoal e encargos sociais.

A partir daí, a oposição seguiu completamente desarticulada. Deputados do PT e o deputado Major Araújo (PRP) quiseram modificar a proposta, afirmando que a emenda de Fábio abriria brechas para que os recursos destinados a estatal pudessem ser utilizados para outros fins. O deputado Mauro Rubem (PT), inclusive, disse temer que o dinheiro pudesse ser usado para “financiamento de campanhas”. Já o líder do PMDB, Bruno Peixoto, e o deputado Simey¬zon Silveira (PSC) defenderam a ação governista.

O que chamou mesmo a atenção, porém, foi o número de oposicionistas faltosos. Diante da matéria mais importante da autoconvocação, apenas quatro deputados de oposição – que possui 16 membros – votaram o projeto. Mauro Rubem e Major Araújo votaram pela rejeição, enquanto que Bruno e Simeyzon engrossaram os votos governistas. Na quinta, 24, em primeira votação no plenário, mais uma vez a matéria só recebeu os votos contrários de Rubem e Araújo.

Passado
Este não foi o primeiro exemplo que deram os deputados estaduais oposicionistas de desarticulação e ajuda aos governistas. Episódios sobre a falta de articulação da oposição na Assembleia não faltam. No início de 2013, o arquivamento do pedido para instalar três CPIs (Comissões Parla¬mentares de Inquérito) – das Rodovias, Saúde e Segurança Pública – gerou grande repercussão. Os deputados Paulo Cezar Martins (PMDB) e Simeyzon Silveira retiraram seus nomes dos requerimentos que solicitavam o pedido de instalação das Comissões, o que fez com que a oposição não conseguisse o número necessário de assinaturas para instaurar as CPIs.

A falta de unidade da oposição também ficou clara quando a Assembleia negou pedido do Superior Tribunal de Justiça (STJ) para abrir processo contra o governador Marconi Perillo por abuso econômico na campanha de 2006. Apenas seis deputados de oposição votaram favoráveis ao pedido do STJ. Outros 30 deputados votaram pela negativa, ou seja, acompanharam o governo. À época, parlamentares cobraram da bancada de oposição na Casa. O deputado estadual Major Araújo (PRP) que disse se sentir envergonhado pelo placar de 30 a 6.

Ainda no ano passado, na tentativa de não restringir a atuação somente á Assembleia, deputados estaduais, em conjunto com deputados federais e outras lideranças, criaram a Caravana da Oposição. O objetivo era vistoriar e fiscalizar as ações do governo. Sem discurso alinhado e agenda organizada, o movimento perdeu fôlego logo nas primeiras iniciativas. As vistorias e visitas aconteceram somente em Goiânia, Aparecida de Goiânia e Senador Canedo. O resultado foi quase nulo.

 

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