Intensificar a agenda de visitas ao interior do Estado, buscar novos apoios de partidos de oposição e unificar o discurso das várias vertentes partidárias são algumas das forma que membros do PMDB veem para que o empresário José Batista Júnior, conhecido como Júnior Friboi, viabilize sua candidatura ao Palácio das Esmeraldas, em 2014. Hoje, como pré-candidato, ele já realiza algumas visitas pelo Estado, mas há ainda quem afirme que sua dedicação aos negócios da família o tem impedido de trabalhar com mais empenho na construção de seu nome e viabilidade da candidatura.
Oficialmente, Friboi é o único nome com chances de se tornar candidato, haja visto que seu principal adversário interno é o ex-governador Iris Rezende, que até agora não se colocou oficialmente como pré-candidato – nos bastidores, porém, peemedebistas afirmam que Iris deve entrar na disputa. Outros dois nomes no PMDB, os ex-deputados Ivan Ornelas e Wagner Guimarães, se declararam pré-candidatos, não agradam a maioria dos integrantes dos partidos que compõe a aliança PMDB-PT. Resta a Friboi intensificar a busca de apoio com vista a viabilizar sua candidatura.
Talvez uma sinalização de que Friboi seja realmente o mais cotado hoje para ser escolhido para concorrer ao governo tenha vindo de uma reunião do empresário com direção estadual do PMDB, onde a Executiva lhe cobrou maior capacidade de aglutinação. A intenção é que ele atraia mais siglas para a aliança PMDB-PT e abra novos diálogos com resultados com as legendas que não fazem parte do governo Marconi Perillo (PSDB). Além disso, querem que ele apresente crescimento nas pesquisas eleitorais. No último levantamento, realizado pelo Instituto Serpes, divulgado pelo jornal O Popular, Friboi teve apenas 1% da preferência na pesquisa espontânea e 2,1% na estimulada.
Participaram desse encontro, realizado no dia 1 de novembro, o presidente regional do PMDB, Samuel Belchior; o deputado federal e vice-presidente do PMDB, Pedro Chaves; o vice-prefeito de Goiânia, Agenor Mariano; e os deputados estaduais Bruno Peixoto e Wagner Siqueira. O encontro foi reservado, sem a participação da imprensa. Mas é fato que nele os membros além de cobrar de Friboi melhor desempenho, deram como quase sepultada a realização de prévias. A justificativa do grupo é que o instrumento poderia gerar sequelas no partido que atrapalhariam os projetos para a sucessão. Além disso, no cenário atual era provável que Friboi vencesse as prévias, devido ao grande apoio que tem junto a prefeitos, deputados e vereadores do PMDB.
Carta Branca
O próprio deputado Samuel Belchior que integra a ala irista e que defende definição de nome para encabeçar a chapa só depois de abril, já tem adotado discurso de que Friboi é o principal pré-candidato da legenda. E isso faz ressonância com novas falas de membros da sigla. Segundo o deputado Bruno Peixoto, o empresário é o pré-candidato oficial do PMDB e já pode dialogar na busca de novos apoios. “Ele (Friboi) tem carta branca para se relacionar com os demais partidos de oposição para divulgar ideias, falar em nome do partido como pré-candidato, respaldado pela Executiva, pelo prefeitos e a maioria do vereadores”, diz o parlamentar.
Peixoto já havia demostrado antes entusiasmo pela pré-candidatura de Friboi, mas ficou mais retraído com uma possibilidade “velada” de que Iris Rezende colocasse seu nome como pré-candidato, já que também é um dos integrantes do grupo do decano. Agora, com o discurso de muitos peemedebistas de que Iris não se coloca, ao menos por enquanto, como postulante a vaga ao governo, Bruno volta a se exaltar pela pré-candidatura do empresário.
Bruno Peixoto relata que melhores desempenhos virão a partir do momento em que Friboi oficializar o discurso das oposições unificadas, o que é um trabalho e tanto por enquanto. Diálogos são mantidos com diversos partidos, mas o fechamento de uma aliança ainda está difícil e prematuro de acontecer. “Ele precisa fazer um trabalho de unir as oposições, personificando o discurso dos partidos e conseguir transmiti-lo à população de Goiás” indica Bruno Peixoto, que completa afirmando que o pré-candidato deve utilizar todos os instrumentos que a legislação eleitoral permite para divulgar suas ideias e propostas.
Conforme o deputado federal Pedro Chaves, um dos grandes entusiastas da candidatura de Friboi ao governo e um dos articuladores de sua filiação ao PMDB, o empresário é bem conhecido nos diretórios municipais, mas precisa intensificar as visitas a prefeitos e vereadores para se popularizar, criando formas para que seu nome seja propagado pela região. Quem também tem discurso semelhante é o prefeito de Porangatu, Eronildo Valadares, outro apoiador de Friboi. Para ele, as viagens ao interior do Estado têm de continuar. “As visitas são para que todas as lideranças o conheça e também para que repassem suas demandas para compor o plano de governo que será construído”, pontua.
Com a resistência do Partido do Trabalhadores (PT) em aceitar o nome de Friboi como candidato, Pedro Chaves cita que o empresário tem de buscar aprimorar o diálogo com a legenda e tentar superar algumas resistências. “Ele está visitando alguns integrantes do PT. Apesar de casos pontuais, o relacionamento com os petistas é bom”, reforça o deputado federal. Bruno Peixoto também ressalta sobre essa estratégia como forma de buscar fortalecimento. “Não podemos impor nada, conquistamos e o Júnior tem feito com isso com o PT, dialogando e conversando para a união das oposições”, frisa.
Um discurso que todas as fontes utilizam é que no PMDB nenhum projeto avança sem o aval do principal líder do partido, Iris Rezende, e que muitos especulam, têm trabalhado nos bastidores para viabilizar seu nome como candidato. No entanto, como não se colocou como pré-candidato, os líderes do PMDB afirmam que Friboi tem de manter sempre um diálogo próximo com o ex-governador. “Projeto nenhum avança sem o crivo do Iris e o Júnior procura ele sempre e tem mantido um bom relacionamento”, diz Eronildo Valadares. “Entre os dois não existem arestas. Ninguém participa das reuniões deles, mas muitos saem falando o que não procede. A convivência e o relacionamento entre os dois é de irmãos”, completa Pedro Chaves, que diz ainda que Júnior é ciente que o apoio de Iris é fundamental para seu projeto vingar.
Projeto de governo
Para o deputado federal Leandro Vilela, apesar de ainda ser cedo para a apresentação de uma proposta de governo, o que Friboi ou qualquer pretenso candidato deve fazer por agora é mostrar que está construindo um projeto de governo que vá ao encontro dos anseio da sociedade, que seja exequível e que não traga propostas mirabolantes que não serão cumpridas. Agora, segundo o parlamentar, é a fase de discussão com as lideranças de todo Estado e a sociedade para extrair desses diálogos o que mais importante propor para fazer em Goiás a partir de 2015. “O trabalho a fazer agora é dar prosseguimento ao que já tem sido feito que é montar um projeto com as bases. Ele está construindo isso, tentando aglutinar, somando e fazendo concessões” ressalta Vilela.
Avanço em pesquisas é previsto só durante a campanha
Um dos desafios para Júnior Friboi é superar os maus resultados nas pesquisas eleitorais, onde aparece bem atrás dos primeiros colocados. No último levantamento do Instituto Serpes teve 1% das intenções de votos na pesquisa espontânea e 2,1% na estimulada. Aparece nos primeiros lugares, respectivamente, Marconi Perillo (27,2%) e Iris Rezende (25,6%), que apesar de não ser pré-candidato é o nome da oposição mais bem cotado.
Para aliados de Friboi, não se pode esperar desempenho diferente nos próximos levantamentos. “É impossível ele alcançar um nível muito alto nas pesquisas sem que tenha participado anteriormente de campanhas ou tenha sido candidato a qualquer cargo”, explica o deputado federal Pedro Chaves. “Dificilmente seus índices subirão antes de começar a campanha. Sem o devido espaço para apresentar seus projetos não tem como a população o conhecer” avalia o prefeito de Porangatu, Eronildo Valadares.
Conforme Pedro Chaves, já é do entendimento de todos os integrantes do PMDB que Friboi não tem condições de alcançar números em torno de 20% sem ser realmente declarado como candidato. “Agora ele tem de buscar se popularizar e conseguir números entre 4% e 7%. Vejo que conseguir um número maior que 10%, sem ter sido candidato ou disputado uma eleição é muito difícil de alcançar”, sublinha o deputado.
O parlamentar cita exemplos de situações semelhantes pelo país, de nomes que foram eleitos sem que na pré-campanha não estivem bem posicionados na pesquisas. Pedro Chaves lembrou de Marconi Perillo, durante a campanha de 1998, primeira vez em que ele participou de uma corrida ao governo Estado, onde até setembro, véspera das eleições, estava com cerca 5% de intenções de votos nas pesquisas, mas que conseguiu virar o jogo e ir para o segundo turno com Iris Rezende e ganhar a eleição. A mesma situação ainda viveu Alcides Rodrigues e o atual prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, que por muito tempo não ficaram bem posicionados em levantamentos eleitorais antecipados, mas que conseguiram sair vitoriosos nas urnas.
Já o deputado Bruno Peixoto vê outra justificativa para os números não serem tão elevados, considerando a pesquisa realizada pelo Instituto Serpes. Para ele, a forma que o nome do empresário foi apresentado aos entrevistados, José Batista Júnior e não “Júnior Friboi” como ele é mais conhecido, deve ter influenciando no resultado do levantamento.
Apesar das pesquisas serem um ferramenta para aferir qual o melhor candidato para compor a chapa, Pedro Chaves afirma que o levantamento quantitativo não será determinante. “Ele vai influenciar na escolha, mas o principal a avaliar será a capacidade dele de trazer outros partidos e lideranças para o projeto, bem como unir os partidos”, diz o parlamentar, que cita o fato de hoje 80% dos prefeitos do PMDB apoiarem sua candidatura. (Por Marcelo Tavares)