Com vaga para o Senado praticamente garantida para o PSD, os dois partidos duelam pelo última posto da chapa da base de Marconi Perillo
Daniel Gondim – Repórter de Política
Ainda não há nem a ga¬¬rantia de que o go¬vernador Mar¬coni Pe¬rillo (PSDB) será candidato à reeleição, mas os aliados do tucano já travam intensa batalha para compor a chapa majoritária em 2014. Com o Senado pro¬metido para o PSD, resta a indicação para a vice, pela qual batalham PP e PTB. A pouco mais de um ano para as convenções partidárias, os dois partidos buscam for¬ta¬lecimen¬to e começam a “falar gros¬so” para demarcar espaço.
Nesse sentido, o PTB, presidido pelo deputado fe¬deral Jovair Arantes, tem uma estratégia mais clara e fala abertamente na intenção de indicar o vice. Prova disso é que na convenção estadual, realizada no fim de abril, o dirigente pete¬bis¬ta já lançou o ex-prefeito de Itumbiara, José Gomes da Rocha, como o nome da sigla para o car¬go. “É um filiado nos¬so, é um dos nomes para figurar a uma chapa majoritária. É uma liderança em todo o Sul de Goiás”, ressalta Jovair.
O PP, comandado pelo de¬putado federal Roberto Bales¬tra, é mais reservado publicamente. As intenções pepistas são percebidas mais facilmente na forte investida que o partido fez sobre o atual vice-go¬vernador, José Eliton, que re¬centemente deixou o DEM. Co¬mo já ocupa o cargo e tem intenção de se manter nele, Eli¬ton é a chance de garantir o posto para a le¬genda. “José Eli¬ton é fantás¬tico e fortalece o partido. Com ele, o PP sobe mais um degrau em importância”, analisa Balestra.
Os elogios a José Gomes e José Eliton mostram que ambos são realmente as apos¬tas de PTB e PP para garantir espaço na chapa majoritária. Só a presença da dupla, po¬rém, não é suficiente. Por isso, as duas siglas também usam ou¬tros argumentos, como nú¬mero de prefeituras no Estado e ta¬manho das bancadas federal e estadual (veja quadro).
Além disso, há outros in¬gredientes que podem pesar a balança. José Eliton, que está perto de se filiar ao PP, faz parte do grupo liderado pe¬lo pre¬sidente da Assem¬bleia, Hel¬der Valin (PSDB). Con¬tan¬¬do também com membros dos Tribunais de Contas do Estado (TCE) e do Mu¬ni¬cí¬pio (TCM), com o prefeito de Catalão, Jardel Sebba (PSDB), e o se¬cretário de Educação, Thiago Peixoto (PSD), a ala tem grande in¬fluência no governo.
Com a ajuda dos aliados e a vontade do PP em voltar a ocupar o cargo de vice, Jo¬sé Eliton sairia na frente na briga pela vice. Os petebistas, po¬rém, não parecem muito preocupados. “Estamos 100% na frente na briga pela vice. O Zé Gomes é uma li¬derança, o Eli¬ton nem voto tem. Ninguém dentro da ba¬se aliada vai aceitar uma no¬va indicação dele. Em 2010, ele só conseguiu por¬que o Caiado pôs a faca no pescoço do governador. Des¬sa vez, não vai acontecer”, analisa um integrante do PTB.
Estratégia
Com o próprio governador admitindo que ainda não sabe se será candidato à reeleição, há quem defenda que a base aliada espere um pou¬co mais para iniciar as discussões sobre composição da chapa majoritária. O primeiro a discordar foi o secretário-chefe da Casa Civil, Vil¬mar Rocha (PSD), que já se anuncia como candidato ao Se¬nado desde o ano passado.
A pressão do pessedista funcionou, e o governador já confirmou publicamente, em mais de uma oportunidade, que vai apoiar a candidatura de Vilmar. Por isso, Jovair tam¬bém se sentiu no direito de anunciar José Gomes co¬mo o nome do PTB para a vice. “Vilmar Rocha se lançou candidato. Tá certo ou tá errado? Não sei, o tempo vai dizer. Ele fez o certo, tem história e legi¬ti¬midade para pleitear o car¬go”, argumenta.
A escolha de José Gomes não é por acaso. Ex-prefeito de Itumbiara por dois mandatos, o atual presidente da Saneago é uma liderança in¬fluente no Sul do Estado. Em 2012, por exemplo, não teve dificuldades para emplacar o sucessor na prefeitura. O escolhido foi seu vice nas duas administrações, Chico Balla, que também é do PTB.
Além disso, a ida do ex-prefeito de Itumbiara para o PTB também representou um golpe para o próprio PP, que era justamente o partido de José Gomes. Assim, Jo¬vair conseguiu, ao mesmo tempo, fortalecer sua sigla e enfraquecer a rival.
Por outro lado, Roberto Ba¬lestra é mais comedido ao falar sobre as articulações. “Não é o momento de falar qual cargo queremos. Isso traz uma discussão muito an¬te¬cipada e que não tem solução a curto prazo. É algo que vai continuar a ser discutido e que só vai ser resolvido lá na frente. Nossa preocupação é fortalecer o partido”, analisa ele.
Para o dirigente pepista, há a necessidade de mais companheirismo dentro da base aliada. “É preciso saber reconhecer o peso dos companheiros também”, diz Balestra, lembrando que, em 1998, era o prin¬cipal nome para disputar a eleição para governador. “Eu abri mão porque vi que o Marconi era um nome que agregava mais e tinha mais condição”, exemplifica.
Dificuldades
Apesar da confiança, as duas siglas também têm problemas a superar antes de conseguirem uma indicação para a vice na chapa majoritária. O PTB, por exemplo, re¬clama de falta de espaço na administração estadual. Re¬cen¬temente, a escolha do ex-prefeito de Luziânia, Cé¬lio Sil¬veira (PSDB), para a presidência da Agência Goia¬na de Es¬portes e Lazer (Agel) deixou petebistas descontentes, já que consideram que a pasta é da cota do partido. O tucano, que mantém relação próxima com Jovair, foi assediado para se filiar ao PTB, mas declinou do convite.
Além disso, a secretaria de Cidadania e Trabalho, comandado pelo filho de Jo¬vair, Henrique Arantes, é constantemente alvo de especulações. As informações são que o governador está descontente com desempenho do deputado estadual licenciado e, por isso, teria interesse em tirá-lo do car¬go. Isso, porém, nunca aconteceu, embora os constantes rumores tenham levado Henrique a fazer críticas ao governo sobre um suposto “fogo amigo”.
Outra dificuldade vivida pelo PTB é que ainda há críticas ao desempenho de Jovair na corrida pela prefeitura de Goiânia. Represen¬tando toda a base aliada, o petebista teve pouco mais de 86 mil votos, fi¬cando com 14% dos votos vá¬lidos e sen¬do derrotado ainda no primeiro turno pelo atual prefeito, Paulo Garcia (PT).
No caso do PP, a principal preocupação é a desidratação que o partido sofreu em relação à eleição de 2008, quando tinha o governador Alcides Rodrigues (PP). Na época, a sigla tinha 48 prefeitos, mas, em 2012, ficou com 19. O ar¬gumento é que isso é um processo normal para quem perdeu o principal cargo majoritário do Estado. De qualquer forma, não deixa de ser um recuo o que, inevitavelmente, se traduz em perda de espaço.
Vaga para o Senado está nas mãos de Vilmar Rocha
Enquanto a vaga para a vice ainda está aberta, o nome para o Senado deve ser mesmo o do secretário-chefe da Casa Civil, Vilmar Rocha (PSD). No início da sua postulação, houve esperneio de outros partidos da base aliada e até do próprio PSDB, já que o senador Cyro Miranda (PSDB) tinha interesse em disputar a reeleição. No en¬tanto, o compromisso entre o governador e o pessedista parece selado e só uma mudança mais ampla no cenário pode mudar esse panorama.
A prova mais recente disso ocorreu na convenção estadual do PSDB, rea¬lizada no dia 28 de abril, na Assembleia Le¬gislativa. Durante seu discurso, Marconi Perillo não se incomodou com a pre¬sen¬ça de Cyro Miranda e reafirmou apoio a Vilmar Rocha ao Senado.
“Nós já temos uma pa¬lavra com o Vilmar Rocha porque ele tem sido um esteio nosso. Queria dizer aqui, Vilmar, que essa é uma palavra dada em Rio Verde, depois de ter conversado muito com o Cyro, que é meu irmão, meu ami¬go. O Cyro é um grande senador e nós conversamos muito antes. As coisas vão acontecendo assim, no diálogo, no consenso, na¬turalmente”, disse o governador em seu discurso.
Vilmar, por sua vez, tem tanta confiança de que será candidato ao Senado que já repassou suas bases eleitorais. O principal herdeiro delas é o secretário de Educação, Thiago Pei¬xo¬to, que deve ser o principal candidato do PSD à Câ¬mara dos Deputados. Além disso, o secretário-che¬fe já é saudado como “se¬nador” em eventos, co¬mo, por exemplo, nas duas edições do Governo Itine¬rante realizadas até agora.
Assim, a única possibilidade de mudança Vilmar não ser candidato ao Se¬nado é haver um rearranjo completo dentro da base aliada. Os aliados reafirmam que não há alternativa que não seja o nome de Marconi Perillo para disputar o governo em 2014, mas, caso ele não reúna con¬dições, a articulação para formar a chapa majoritária terá de ser refeita, com o PSD tendo até possibilidades de indicar o nome para o Palácio das Esmeraldas. (D.G.)
PP
Prós
A provável filiação de José Eliton é um trunfo para o PP, já que o vice-governador integra atualmente o grupo do presidente da Assembleia, Helder Valin (PSDB). A ala é forte e tem influência junto ao governador Marconi Perillo. Além disso, Balestra é aliado antigo do governador e, em 2010, rachou o partido para declarar apoio ao tucano na eleição.
Contras
O PP tem perdido espaço para outras siglas dentro da base aliada. Na última eleição, o grupo de Balestra não conseguiu vencer a eleição municipal em Inhumas, principal base eleitoral do deputado federal. Além disso, há rumores por uma disputa de espaço entre Roberto e o também deputado Sandes Júnior, o que pode enfraquecer a legenda.
Deputados federais
Roberto Balestra
Sandes Júnior
Deputado Estadual
Ney Nogueira
Secretarias
Cidades (João Balestra)
Agecom (Igor Montenegro)
Nº de prefeituras
19
Votos em 2012
163.626
PTB
Prós
O desempenho eleitoral do PTB nas eleições de 2012 pode ser considerado positivo. O partido dobrou o número de prefeituras e, além disso, reforçou sua força no Entorno do Distrito Federal com a vitória em Águas Lindas.
Contras
O PTB já teve mais prestígio junto ao governador. Há constantes rumores sobre o descontentamento de Marconi com o trabalho de Henrique Arantes na pasta da Cidadania e Trabalho. Além disso, o fraco desempenho de Jovair Arantes na eleição municipal de Goiânia também diminuiu a força do petebista dentro da base aliada.
Deputados federais
Jovair Arantes
Magda Mofatto
Deputados Estaduais:
Talles Barreto
Valcenôr Braz
Gracilene Batista
Marlúcio Pereira
Secretaria:
Cidadania e Trabalho (Henrique Arantes) Saneago (José Gomes da Rocha)
Nº de prefeituras
17
Votos em 2012
288.940