Os trabalhadores dos Correios estão furiosos com o Governo Federal. Não aceitam a privatização da empresa, tampouco a retirada dos benefícios que o governo pretende impor nos próximos meses. Em Assembléia em todo o Brasil, deflagraram greve geral, a partir das 22 horas desta terça-feira (10/09). Em Goiânia, a decisão foi tomada em frente a Agência dos Correios, na Praça Cívica no começo da noite. O horário noturno é em razão de várias assembleias serem realizadas pelos sindicatos filiados a Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios, Telégrafos e Similares (Fentect), no último turno dos trabalhadores que se inicia às 22h.
A Federação Interestadual dos Sindicatos dos Trabalhadores e Trabalhadoras dos Correios (Findect) confirmou a greve nacional “na maioria dos Estados do país”, por meio de nota. “A culpa é do governo e da direção da ECT, que se negaram a negociar e querem esfolar a categoria”, inicia o posicionamento. A nota diz que a categoria se mostrou “consciente da gravidade da situação que enfrenta e decretou Greve por tempo indeterminado”.
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O secretário geral da Fentect, José Rivaldo da Silva, disse anteriormente que o “desmonte dos Correios”, em sinalização do governo de Jair Bolsonaro (PSL) quer privatizar a empresa às custas dos trabalhadores e das trabalhadoras, para entregá-la ao capital estrangeiro com menor custo, foi dado com a decisão da direção da empresa em suspender as negociações de um novo acordo coletivo, mesmo após o Tribunal Superior do Trabalho (TST) ter sugerido a prorrogação das negociações por mais 30 dias.
De fato, os Correios estão entre as empresas que estão na lista de desestatização anunciada pelo Governo Federal no último dia 22 de agosto, pelo ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni. Os trabalhadores da estatal não engoliram positivamente a decisão.
“Já cortaram o convênio médico dos nossos pais e mães. Eles querem empobrecer a categoria e deixar a empresa mais barata para facilitar o processo de privatização. Por isso, definimos pela greve geral para enfrentar o governo Bolsonaro e construir a resistência”, afirma José Rivaldo.
A direção dos Correios se recusa a manter os mesmos benefícios da categoria do último acordo coletivo, que venceu em 1º de agosto. A empresa quer retirar tudo que o que está “a mais” do que manda a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).
Atualmente os Correios têm 99 mil trabalhadores. O auge foi em 2010 com 128 mil, mas após diversos planos de demissão voluntária, que se intensificou no governo do ex-preisdente Michel Temer (MDB/SP), o déficit hoje está em 40 mil.
“Estamos conseguindo manter o funcionamento da empresa, mas não com o mesmo padrão de excelência, por falta de gente. Hoje um carteiro ganha um salário inicial de R$ 1.729,06 para trabalhar 8 horas por dia, andando de 6 a 8 quilômetros, carregando nas costas entre 30 a 40 quilos de correspondência. Retirar os benefícios vai deixar a profissão menos atrativa”, critica o secretário geral da Fentect.