Após uma semana de silêncio na seleção brasileira, o técnico Tite concedeu entrevista coletiva nesta quinta-feira. O treinador evitou falar sobre a realização da Copa América no Brasil, prometendo que daria sua opinião sobre o assunto no futuro, mas revelou que os atletas pediram uma conversa com a comissão técnica e o presidente da CBF, Rogério Caboclo, sobre o tema.
O Brasil irá receber a Copa América após as desistências dos dois países-sede: a Colômbia anunciou primeiro que deixaria de receber os jogos, por conta de protestos massivos e violentos; na Argentina, a razão foi o crescimento da pandemia de covid-19. Poucas horas após a Conmebol revelar que a Argentina também havia abandonado a ideia, o Brasil foi escolhido como nova sede, apesar de também viver um momento ruim no enfrentamento ao coronavírus.
Tite contou ter tentado voltar o foco dos atletas para a partida contra o Equador pelas Eliminatórias, apesar da polêmica e de ter conversado ele mesmo com Caboclo. “Temos uma opinião muito clara e fomos lealmente, numa sequência cronológica, eu e Juninho, externando ao presidente qual a nossa opinião. Depois, pedimos aos atletas para focarem apenas no jogo contra o Equador Na sequência, solicitaram uma conversa direta ao presidente. Foi uma conversa muito clara, direta. A partir daí, a posição dos atletas também ficou clara. Temos uma posição, mas não vamos externar isso agora. Temos uma prioridade agora de jogar bem e ganhar o jogo contra o Equador. Entendemos que depois dessa Data Fifa, as situações vão ficar claras”, previu o treinador da seleção.
Perguntado se os atletas que jogam na Europa pediram para não jogar a Copa América, o técnico voltou a dizer que a resposta virá no futuro. “Eles têm uma opinião, externaram ao presidente, e vão externá-la ao público em um momento oportuno. Inclusive, isso tem a ver com a ausência do nosso capitão, Casemiro, aqui nessa entrevista”, disse, antes de voltar a pedir que a cabeça dos jogadores esteja no jogo com o Equador.
Tite também foi perguntado sobre a recente acusação de assédio sexual contra Neymar, feita por uma funcionária da Nike. O técnico preferiu falar apenas da situação física e técnica do camisa dez da seleção. “Neymar veio fisicamente e tecnicamente muito bem, até pela sequência de jogos importantes. Num momento importante, desenvolto, a gente consegue perceber a velocidade de raciocínio e execução. Sobre minha relação com Neymar, são quase quatro anos, eles falam por si só. A relação de respeito, lealdade, admiração. Mas não externo de forma pública. Quando tem que ser externada de alguma situação, é de forma particular. Não só com ele”, afirmou o treinador.
Além disso, Tite também confirmou que houve uma procura da CBF para que Xavi Hernández, ex-jogador do Barcelona e atualmente técnico do Al-Sadd, time do Catar, fosse auxiliar técnico da seleção brasileira. O mesmo convite teria sido feito ao ex-técnico Muricy Ramalho.
(Conteúdo Estadão)