Presidente da Comissão de Cultura da Câmara dos Deputados (CCult), o deputado federal Thiago Peixoto (PSD-GO) propôs, nesta sexta-feira (5/5), participar de uma articulação junto ao meio empresarial para ajudar a Quasar Companhia de Dança a retomar as atividades, que estão suspensas desde o ano passado. Além disso, o parlamentar se comprometeu a colocar representantes do grupo em contato direto com o Ministro da Cultura, Roberto Freire.
“Vou levá-los a uma audiência com o ministro nos próximos dias. Eu já tinha falado a ele sobre essa minha preocupação com a suspensão da companhia. Precisamos dar a esse assunto a importância que ele tem. E a Quasar é uma companhia goiana de renome nacional e internacional. Então, todos perdem se ela continuar fora dos palcos”, explicou Thiago. Nesta sexta, ele e representantes do setor cultural, além de autoridades, participaram do Expresso 168, projeto da CCult realizado fora de Brasília, na sede do Tribunal de Contas do Estado de Goiás (TCE-GO).
Thiago Peixoto e o conselheiro Kennedy Trindade, presidente do TCE, se comprometeram a fazer uma articulação junto a empresários e entidades empresariais para conseguir patrocínio para a companhia. “Mas atuaremos mais como facilitadores desse contato entre a Quasar e os empresários”, destacou Thiago. Ele citou como exemplo o caso da Associação Pró-Desenvolvimento Industrial de Goiás (Adial) e a Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg). “São entidades com gestões e visões modernas que têm capacidade para entender a importância da Cultura”, acrescentou Thiago.
O presidente da CCult explicou que essa opção de audiências públicas fora do âmbito físico da comissão facilita bastante a aproximação com os temas e agentes culturais. “É mais fácil porque podemos ouvir melhor a opinião das pessoas que fazem a Cultura. Além disso, possibilita uma união maior em torno de temas importantes, como esse da Quasar”, disse Thiago. O presidente do TCE, Kennedy Trindade, reconheceu que todo apoio é bem-vindo para um caso destes. “O TCE tem seu papel institucional de atuar próximo da sociedade e esse tipo de iniciativa é muito favorável”, justificou.
Na audiência, que contou com a presença de representantes de grupos de dança e música, também estiveram presentes representantes da Câmara de Goiânia (vereadora Cristina, que é da Comissão de Cultura local) e do Governo de Goiás (Sacha Mello, do Fundo de Arte e Cultura). Os diretores Vera Bicalho e Henrique Rodovalho representaram a Quasar nas discussões. “Estamos preocupados com essa situação e, ao mesmo tempo, animados com as perspectivas que estão se apresentando”, disse Vera.
OS
Atualmente, encontra-se em andamento uma proposta para que a Quasar possa gerir algum espaço público por meio de Organização Social (OS) para que ela passe a ter uma renda fixa. No ano passado, a companhia perdeu o apoio cultural que recebia da Petrobras e isso a colocou em sérias dificuldades. “Ficamos sem condições de nos manter e a saída foi suspender os trabalhos”, conta Henrique Rodovalho. Os bailarinos foram dispensados e o prédio que a companhia ocupava foi desocupado.
Com quase 30 anos de atividade, essa é a principal crise enfrentada pela Quasar, que já se exibiu em vários países e é ganhadora de vários prêmios. “Sabemos que esse processo da OS está caminhando no Estado, mas nem tudo tem a velocidade que esperamos. Não há uma data cravada para que a situação esteja definida.
Sendo assim, nesse meio tempo, precisamos encontrar algumas saídas mais emergenciais para que a companhia volte a atuar”, disse Thiago Peixoto. Ele propôs, por exemplo, que seja feito com a companhia um modelo parecido com a Orquestra Filarmônica de Goiás (que está em processo para gerir uma OS). “Podem ser criados cargos temporários para que os bailarinos tenham uma renda. Sei que essa questão de cargo gera reação negativa, mas não em um caso específico como este. Trata-se de uma necessidade. E, além disso, a Quasar não tem um grupo numeroso de pessoas ao seu serviço”, salientou.
Outro tema debatido na audiência foi a identificação de algum espaço, de preferência público, que possa passar a sediar a companhia, para realização de ensaios e algumas de suas apresentações. Esses dois pontos estarão em um documento a ser entregue nos próximos dias ao governador Marconi Perillo. “O governador é muito sensível a estas questões e até já determinou os estudos sobre a questão da OS. Mas, com toda certeza, ele também vai concordar em buscar novos caminhos enquanto essa questão não se apresenta”, destacou o parlamentar.
Desde que assumiu a presidência da Comissão de Cultura da Câmara dos Deputados, Thiago Peixoto se mostrou preocupado com a situação da Quasar. Em conversa recente com o ministro Roberto Freire, ele contou sobre a suspensão das atividades do grupo. “Ele ficou sensibilizado. Mas precisamos pensar em alternativas para que vão além das discussões em si. No que depender de mim, o espaço da Comissão de Cultura vai servir para tratar de questões como esta”, disse.
Expresso 168
Trata-se de um projeto da CCult que tem como foco debater a cultura fora do âmbito da comissão, que é sediada em Brasília. Desde o ano passado, quando foram oficializadas as audiências externas, foram vários encontros em diferentes regiões do Brasil. O projeto foi batizado em alusão à música Expresso 2222, de Gilberto Gil, que leva cultura por onde passa, e a relacionou com a sala onde está localizada a presidência da CCult: 168, onde antes eram organizadas boa parte das audiências.