GABRIEL MASCARENHAS, MARINA DIAS E CAMILA MATTOSOBRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O presidente Michel Temer se recusou a comentar a crise institucional, deflagrada pelas trocas de farpas públicas entre a presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), ministra Cármen Lúcia, e o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).
Ao chegar ao Itamaraty para uma reunião com os presidentes dos três Poderes o outras autoridades para tratar do novo plano de segurança pública, nesta sexta (28), Temer foi perguntado se o encontro seria o primeiro passo para amainar a turbulência iniciada com as acusações públicas. “Hoje, vamos começar a resolver a crise da segurança pública”, limitou-se a dizer Temer à reportagem.
Questionado novamente pela reportagem sobre como resolveria a crise institucional, o presidente repetiu: “Hoje, vamos começar a resolver a crise da segurança”, esquivou-se.Às 11h, já haviam chegado ao Itamaraty o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), o ministro das Relações Exteriores, José Serra, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, e o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes.
O encontro desta sexta ocorre após uma tentativa fracassada de Temer para tentar aparar as arestas. Ele convidou Renan e a presidente do Supremo para uma reunião no Palácio do Planalto no início da semana, mas Cármen Lúcia disse que não poderia comparecer. Alegou incompatibilidade de agenda.
Na ocasião, Renan disse a aliados que esperava uma postura de conciliação “mais rápida” de Temer e reclamou nos bastidores que não recebeu o apoio que desejava do presidente.
O desentendimento entre os comandantes do Senado e do STF começou depois que Renan criticou duramente a Operação Métis, deflagrada pela Polícia Federal, que prendeu quatro policiais legislativos e cumpriu mandados de busca e apreensão dentro do Congresso.
Renan classificou como “juizeco” o titular da 10ª Vara da Justiça Federal em Brasília, que autorizou a ação da PF no Congresso. Ele disse que, por se tratar de uma Casa de parlamentares como foro privilegiado, a investida só poderia ocorrer com o aval do Supremo.
No dia seguinte, Cármen Lúcia rebateu. Sem citar o peemedebista nominalmente, exigiu respeito e afirmou que todas as vezes em que um magistrado é ofendido, ela própria sente-se agredida.
Antes da reunião desta sexta, o presidente do Senado ligou para a ministra e pediu desculpas pelas declarações dadas no início da semana.