BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Apesar de sempre negarem que houvesse uma tentativa de anistiar políticos que cometeram crime de caixa dois eleitoral, o presidente da República, Michel Temer, e os presidentes do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), anunciaram neste domingo (27) um “ajustamento institucional” para impedir a tramitação de qualquer tentativa neste sentido.
“Temos feito, o Executivo e o Legislativo, um ajustamento institucional com vistas a se, for possível, impedir a tramitação de qualquer proposta que vise a chamada anistia”, afirmou Michel Temer. “Acordamos que não há a menor condição de levar adiante essa proposta.” A Folha já havia antecipado no sábado (26) que o objetivo da entrevista coletiva convocada de última hora era anunciar que a proposta de anistia não seria mais levada adiante.
Na pior crise de seu governo, Temer tenta reverter a agenda negativa resultante da crise econômica e da crise política, que se instalou sobre o Palácio do Planalto desde que o ex-ministro da Cultura denunciou que o então ministro Geddel Vieira Lima, da Secretaria de Governo, teria atuado na esfera governamental para garantir interesses pessoais em Salvador, sua base eleitoral.
“No tocante à anistia, há uma unanimidade dos dirigentes do Poder Executivo e do Legislativo. Mas, ao mesmo tempo, verificamos que era preciso atender o que chamamos de ‘a voz das ruas’, que é a reprodução de um dispositivo constitucional que o poder não é nosso, mas do povo. Então, o povo se manifesta, a urgência há de ser tomada pelo poder Legislativo e, igualmente, pelo Poder Executivo”, disse o presidente da República.
Nos últimos dias, Rodrigo Maia comandou uma série de reuniões com líderes de praticamente todos os partidos para tratar do assunto. Eles tentariam aprovar a anistia apresentando uma emenda em plenário. Já havia articulação, inclusive, para que o texto fosse levado imediatamente ao Senado, onde seria votado sem demora.
Deputados e senadores correram contra o tempo para que as alterações na lei fossem aprovadas antes que a delação premiada de executivos da Odebrecht fizesse as primeiras vítimas no Congresso.
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