O presidente Michel Temer escolheu o economista Paulo Rabello de Castro para assumir o BNDES no lugar de Maria Silvia Bastos Marques, que pediu demissão nesta sexta-feira (26).
Rabello de Castro era presidente do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) desde maio de 2016, quando Temer assumiu o Planalto como presidente interino.
Segundo a reportagem apurou, a nomeação foi uma escolha pessoal do presidente e não contou com a simpatia do ministro Henrique Meirelles (Fazenda), que avalia como “fraco” o perfil do novo colega de equipe econômica.
Integrantes do governo afirmam que a indicação de Rabello de Castro é um aceno ao ministro Moreira Franco (Secretaria-Geral), um dos principais críticos da gestão de Maria Silvia no que diz respeito às regras de financiamento do PPI (Programa de Parcerias de Investimentos), sob comando de Moreira.
O agora ex-comandante do IBGE tem mestrado e doutorado em economia pela Universidade de Chicago, reduto do liberalismo americano, onde teve aulas com Milton Friedman e Gary Becker, vencedores do Prêmio Nobel.
Na sua passagem pelo IBGE, houve críticas de alguns analistas pelas mudanças nos critérios das pesquisas para medir o desempenho dos setores de serviços e comércio, que, assim, mostraram um resultado melhor que o previsto no início do ano.
A ex-presidente do BNDES era também alvo de queixas de empresários, que reclamavam da dificuldade de conseguir empréstimos com o banco, e de parlamentares.
O presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Paulo Skaf (PMDB), e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), endossavam, junto com Moreira, as críticas a Maria Silvia. Os três mantêm o trânsito do Planalto com o setor empresarial e eram, portanto, os principais receptores das reclamações sobre a gestão do banco público.
As críticas, feitas diretamente a Temer, eram de que o BNDES tinha dinheiro, mas dificultava a concessão de empréstimos no ritmo esperado. Oficialmente, a equipe de Temer respaldava Maria Silvia e dizia que ela estava apenas “mudando o mecanismo” para emprestar dinheiro, com mais critério para a aprovação de projetos.
Se os projetos são bons, os empréstimos saem rapidamente, costumavam dizer em público os auxiliares do presidente quando confrontados com reclamações diretas à então presidente do banco. Nos bastidores, porém, admitiam que a gestão do BNDES estava “cada vez mais difícil”.
QUANTO ANTES
Temer recebeu Maria Silvia em seu gabinete, na tarde desta sexta-feira, e tentou reverter seu pedido de demissão, porém, sem sucesso.
Em seguida, o peemedebista convocou uma reunião com Meirelles para bater o martelo sobre a nomeação de Rabello de Castro.
Em nota, divulgada no início da noite, Temer disse que o economista “começará seu trabalho na instituição já na próxima semana”.
A rapidez na escolha e do início das atividades teve o objetivo de tentar minimizar o impacto no mercado da troca de comando no BNDES.