Ao dar posse a novos ministros, o presidente Michel Temer disse que fez as mudanças na Esplanada sem interromper as atividades do governo. “Nós não interrompemos a administração. Nós praticamente, ao escolhermos o ministério, nós mantivemos a mesma composição político-partidária congressual.”
Em cerimônia realizada no Palácio do Planalto, nesta terça-feira (10), Temer oficializou a substituição de 10 de seus 29 ministros. As mudanças ocorrem devido ao calendário eleitoral, que exige que aqueles que vão concorrer ao pleito em outubro deixem seus cargos com seis meses de antecedência.
Dos dez novos titulares, sete ocupavam secretarias nas pastas que vão comandar. “(As mudanças) alteram a composição, mas não a qualidade da nossa equipe”, disse Temer.
Entre as principais mudanças está a da equipe econômica, após a saída de Meirelles, da Fazenda, e de Dyogo Oliveira, do Planejamento. Eles foram substituídos, respectivamente, pelos secretários-executivos das pastas, Eduardo Guardia e Esteves Colnago.
Depois de se filiar ao MDB, Meirelles deixou o ministério num movimento de tentar se viabilizar como candidato pelo partido à Presidência da República. Já Oliveira tomou posse na segunda (9) como presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
Indicação de Meirelles, o nome de Guardia para o chefe da equipe econômica é bem visto pelo mercado. Contudo, há um temor de que a Fazenda perca interlocução política com o Palácio do Planalto, já que o novo ministro não é tão próximo de Temer quanto seu antecessor.
Temer aproveitou seu discurso para elogiar Meirelles: “[ele] Nos deixa como um dos melhores ministros da Fazenda que o Brasil já teve”.
“Não preciso insistir no quanto o trabalho do Meirelles foi essencial para o Brasil recuperar a credibilidade das contas públicas. E não só isso, também retomar o crescimento sustentável. O país tem bases firmes e muito disso se deve à forma seria de como Meirelles atuou na área econômica.”
Outra substituição feita por Temer na Esplanada foi em Minas e Energia. No lugar de Fernando Bezerra Coelho Filho ficará Moreira Franco, um dos principais aliados do presidente. Ele deixa a Secretaria-Geral para assumir o comando do setor de energia.
O governo justifica a troca ao dizer que quer um nome de confiança à frente da pasta para conduzir o processo de privatização da Eletrobras, que enfrenta dificuldades de aprovação no Congresso.
A transferência de Moreira, contudo, é vista como uma garantia de foro especial para o ministro, alvo de denúncia na Operação Lava Jato.
No ano passado, Temer recriou a Secretaria-Geral para dar status de ministro ao seu amigo. A nomeação foi feita por meio de uma medida provisória, que teve de ser reeditada pelo Palácio do Planalto após caducar no Congresso por falta de aprovação em tempo hábil.
A escolha de Moreira para Minas e Energia trouxe baixas na pasta e derrubou o preço das ações da Eletrobras na Bolsa de Valores.
Na segunda (9), o presidente da Empresa de Pesquisa Energética, Luiz Barroso, renunciou ao cargo. Ele foi o segundo quadro da área energética a deixar o cargo após a mudança no comando do MME (Ministério de Minas Energia). O primeiro foi o secretário-executivo da pasta, Paulo Pedrosa, que entregou o cargo na semana passada e será substituído pelo secretário de Petróleo e Gás, Márcio Felix.
Na sexta (6), o anúncio da saída de Pedrosa contribuiu para queda de 9,17% no valor das ações da Eletrobras. Na segunda, os papéis caíram novamente: as ações ordinárias tiveram queda de 9,56% e as preferenciais, de 6,74%.
Levando em conta toda a reforma, Temer teve treze de seus 29 ministros alterados. Ele já havia dado posse a Gustavo Rocha (Direitos Humanos), Gilberto Occhi (Saúde) e Valter Casemiro (Transportes).
(Folhapress)
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