O presidente Michel Temer afirmou nesta quinta-feira (30) que o fechamento da fronteira com a Venezuela é “incogitável”.
Ele criticou o fato de sua declaração sobre as senhas para imigrantes ter sido interpretada como uma possibilidade de fim do acesso ao país.
“Quando vi a preocupação que minha fala poderia significar fechamento de fronteira, eu disse: ‘Ou as pessoas não sabem ler, ou não querem ler’. Bastava pegar afirmações minhas nos dias anteriores. Quando eu disse que o fechamento da fronteira é incogitável, inegociável”, disse ele, após visita ao comando da intervenção federal na segurança pública no Rio de Janeiro.
Em entrevista à Rádio Jornal do Recife na quarta-feira (29), o presidente admitiu ter debatido em reunião na véspera um mecanismo para reduzir o número de venezuelanos que cruzam a fronteira diariamente, hoje na casa das centenas.
“Eles pensam em, quem sabe, colocar senhas de maneira que entrem 100, 150, 200 por dia e cada dia entre um pouco mais para organizar essas entradas”, afirmou Temer.
A declaração acabou expondo os desencontros de um governo que ainda não tem plano claro para lidar com o fluxo de venezuelanos na fronteira.
Horas depois da entrevista de Temer, o Planalto emitiu nota para tentar explicar que as senhas serviriam para atender os imigrantes, e não para controlar sua entrada.
“O governo federal esclarece que a ‘possibilidade de distribuição de senhas’ a que o presidente se referiu visa a aprimorar um processo de atendimento humanitário em Roraima, o que não pode ser confundido, em hipótese alguma, com fechamento à entrada de venezuelanos no Brasil”, diz o texto sem mais detalhes.
Essa tentativa de esclarecimento acabou desmontada no início da noite pelo ministro Eliseu Padilha (Casa Civil), que voltou a citar o controle de ingresso. “É para a entrada do território nacional”, disse.
Temer ratificou o esclarecimento feito por Padilha ao afirmar que haverá dois tipos de senhas para acesso de venezuelanos no país.
“Sob o foco administrativo, como há o ingresso muito grande de venezuelanos dia a dia, talvez haja a possibilidade de entrega de senhas para dois efeitos. Primeiro, para venezuelanos que vêm a Roraima apenas para comprar alimentos e medicamentos, e voltam. A outra senha é organizadora de modo a permitir que a vacinação seja competente e correta, que os outros elementos de natureza humanitária sejam devidamente aplicados”, afirmou o presidente.
Ele ressaltou não estar em estudo um fechamento da fronteira com o país vizinho.
“Seja em função da legislação nacional, seja em função dos tratados internacionais que eu próprio assinei quando fui à ONU, seria incogitável o fechamento das fronteiras”, disse Temer. (Folhapress)
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