O presidente Michel Temer discute com o comando nacional do PSDB a reformulação da Secretaria de Governo, dando mais peso político e viabilizando acordo para que o partido comande a estrutura governamental.
A ideia discutida pelo peemedebista com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e com o senador Aécio Neves (MG) é que, além da articulação política e distribuição de cargos, a pasta tenha maior atuação na formulação de políticas do governo, aumentado a atribuição, por exemplo, de negociação com as unidades da federação.
Os tucanos não querem ocupar uma pasta que seja apenas voltada para questões burocráticas, mas desejam ter assento também em discussões e decisões de políticas governamentais.
O nome escolhido do presidente para a pasta é o do líder do PSDB na Câmara dos Deputados, Antonio Imbassahy (BA), que tem viajado com o peemedebista em compromissos pelo país e acompanhou com ele na quarta-feira (7), no gabinete presidencial, a sessão da STF (Supremo Tribunal Federal) para definir o destino de Renan Calheiros (PMDB-AL).
A escolha de Imbassahy deve ser anunciada por Temer ainda nesta quinta (8).
O obstáculo principal que havia para essa definição era a bancada do PMDB na Câmara, que pleiteava continuar à frente do posto comandando até o mês passado pelo ministro Geddel Vieira Lima, do partido.
Para evitar uma crise com a sigla, o presidente tem conversado com deputados federais individualmente. Nas palavras de um deles, que se reuniu no início da semana com o presidente e foi convencido sobre a necessidade de contemplar o PSDB, agora é o momento de “segurar o tucano pelo rabo para evitar que ele saia voando”.
Para fechar o acordo, o presidente conversou pelo telefone com FHC e se encontrou com a cúpula do partido em viagem a São Paulo, na terça-feira (6). Na quarta-feira (7), ele também se reuniu com os governadores da sigla Beto Richa (Paraná) e Marconi Perillo (Goiás).
O nome do ministro Bruno Araújo (Cidades), do PSDB, chegou a ser cogitado por Temer para a pasta, mas ele preferiu continuar à frente do seu ministério, que detém o controle de iniciativas de apelo popular, como o Minha Casa, Minha Vida.
A decisão de antecipar a nomeação para o Governo, cuja previsão é que ficasse apenas para o ano que vem, foi tomada devido à sobrecarga de trabalho sobre o ministro Eliseu Padilha (Casa Civil), que sofreu um pico de pressão na semana passada.
Além disso, o presidente tenta evitar a saída do partido do governo federal, considerado o principal aliado da gestão peemedebista no Congresso.
No PSDB, há uma ala que defendeu o desembarque imediato da legenda para evitar que um eventual fracasso de Temer possa afetar a imagem da sigla para a disputa presidencial de 2018.
Folhapress