O presidente Michel Temer criticou nesta quinta-feira (24) a conduta do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, e disse que não está preocupado com a delação premiada do corretor de valores Lúcio Funaro.
Sem citar o nome do atual responsável pela PGR (Procuradoria-Geral da República), o peemedebista disse que a decisão de fatiar uma acusação para prejudicar o denunciado “não é tipicamente uma função para a estatura de um chefe do Ministério Público Federal”.
As declarações foram dadas em entrevista ao “SBT Brasil”. A expectativa é de que o procurador-geral apresente no início de setembro nova denúncia contra o presidente, desta vez utilizando elementos apresentados pelo corretor de valores contra o comando nacional do PMDB.
“Há procuradores-gerais que entram numa disputa para ver quem ganha. Qual foi a primeira ideia? Vamos fatiar a denúncia. Para que fatiar a denúncia se o inquérito é um só e os fatos estão ali elencados? Foi para dizer: se ele ganhar a primeira, eu venho com a segunda. Se ele ganhar a segunda, eu venho com a terceira. Isso não é tipicamente uma função para a estatura de um chefe do Ministério Público Federal”, disse.
O peemedebista disse ainda que não conhece Lúcio Funaro e que não tem nenhuma relação com ele. “Não tenho temor nenhum. Eu nem o conheço. Se eu o conheço, conheço daquele jeito, de cumprimento, mas não tenho nenhuma relação”, afirmou.
Na entrevista, o presidente refutou ainda a possibilidade de deixar o mandato antes do fim para se candidatar a deputado federal, mantendo assim direito a foro privilegiado.
“Essa questão de prerrogativa de foro não me preocupa e não deve preocupar a ninguém. Não tenho nenhuma intenção de me candidatar a nada”, disse.
O peemedebista atacou ainda a crítica feita a ele sobre encontros fora da agenda oficial e em horários fora do expediente administrativo, como o realizado com a futura procuradora-geral da República, Raquel Dodge.
Ele disse que essa cobrança deve acabar porque conversa “com quem quiser”, a hora que achar “mais oportuna” e “onde quiser”.
Segundo ele, quem fala que 22h é tarde, “deve ser porque trabalha até as 18h e acha que depois ninguém pode trabalhar”.
“O presidente trabalha permanentemente e ele não tem local de trabalho.Eu converso com quem eu quiser, a hora que eu achar mais oportuna e onde eu quiser”, disse.
‘COOPTAÇÃO‘
Na entrevista, o presidente rebateu a propaganda nacional do PSDB e negou que seu governo exerça um “presidencialismo de cooptação”.
“Eu não exerço cooptação. Eu acho um pouco estranho que as pessoas se esqueçam do passado e não há outra forma de governar se não houver uma coligação, uma composição com os partidos políticos”.
Perguntado se o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso tem sido injusto com ele, o peemedebista disse que deixa as críticas “por conta” do tucano.
“A ponte pode ser pinguela, mas o que importa é que estamos atravessando”, disse.