O tempo fez bem a Buffon. Quando ainda era um jovem goleiro do Parma, causou polêmica ao citar o slogan neofascista “boia chi molla” (algo como “morte a quem abandona a luta”).
Usou uniforme de número 88, identificado com o movimento político de Mussolini. Hoje, aos 39 anos, tornou-se a voz da razão.
É unanimidade tão grande que se a Juventus vencer a Liga dos Campeões da Europa neste sábado (3), contra o Real Madrid, passa a ser favorito à eleição de melhor do mundo da Fifa.
Só um goleiro foi escolhido em eleição semelhante. Em 1963, o russo Lev Yashin venceu a Bola de Ouro.
“Eu amadureci. Futebol é a metáfora da vida”, afirmou nesta sexta (2).
Buffon, que jamais venceu o torneio, foi vice-campeão com a Juventus em 2003 e 2015. “Sei que talvez não tenha outra chance.”
Investigado por apostas ilegais em 2012, o goleiro deixou de ser apenas um dos melhores do mundo na posição. Passou a ser admirado pela opinião pública, unanimidade entre seus companheiros e na Itália.
“Gigi vai entrar para a história como um dos maiores”, afirmou Daniel Alves.
O marketing de Buffon é composto por suas defesas e a personalidade. É difícil vender imagem de goleiro. Mas ele prova há mais de duas décadas ser referência.
Em 2001, os US$ 77 milhões (R$ 250 milhões em valores atuais) pagos pela Juventus ao Parma por Buffon foram a maior negociação envolvendo um goleiro.
O jogador ganhou status de herói cult também pelo senso de humor. A capacidade de autodepreciação conquistou fãs mesmo sem interesse pelo esporte.
“Eu sou um bufão, um palhaço que recebe o papel de entreter as pessoas desempenhando uma função bem estúpida. Eu tento manter a noção de que é apenas um circo”, disse, em uma de suas frases mais famosas.
Acima de tudo, Buffon é respeitado pela coleção de troféus. São oito títulos italianos, quatro Copas da Itália, uma Copa da Uefa (hoje em dia a Liga Europa) e a Copa do Mundo de 2006.
Falta apenas uma medalha para a galeria.
“Se a Juventus ganhar a Liga dos Campeões, eu acho que Gigi tem de ser eleito o melhor do mundo”, disse Massimiliano Allegri.
A frase é de 2015, antes da fracassada final contra o Barcelona, em Berlim. Pode virar verdade dois anos depois.
(FOLHA PRESS)
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