Os dias gloriosos do rádio podem estar de volta, agora num aplicativo. Um executivo do Spotify fez essa comparação ao anunciar mudanças para turbinar o serviço grátis do aplicativo, semanas depois da estreia da plataforma na Bolsa de Nova York.
“Estamos dando algo em troca de nada, é a melhor oferta possível. Sabemos que isso vai proporcionar mais crescimento”, disse Gustav Söderström, no lançamento da nova versão de graça do Spotify, numa casa de shows em Manhattan. “É bom lembrar que não eram as rádios ruins que faziam as pessoas comprarem os discos no passado.”
E o Spotify quer ser tudo menos uma rádio ruim. No novo modelo, os usuários que não pagam pelo serviço ainda terão de ouvir anúncios de vez em quando, mas poderão montar listas de faixas para ouvir como e onde quiserem e terão acesso a mais de 40 horas de música recomendada pelo aplicativo por dia.
De acordo com executivos da marca, novos investimentos em inteligência artificial permitiram criar recomendações mais precisas e adequadas ao gosto de cada cliente.
“O toque humano ainda é muito importante, mas não tem a escala para atingir milhões de usuários”, diz Söderström. “Encontramos uma forma de traduzir para os algoritmos o conhecimento musical de pessoas que já têm uma rede de artistas montada na cabeça ao longo dos anos.
“Uma nova tecnologia também vai diminuir o volume de dados usados pelos clientes quando ouvirem música sem uma conexão wi-fi, um dos maiores entraves para o avanço do Spotify em mercados emergentes, onde o tráfego de dados custa mais caro.
Estimativas da plataforma apontam para uma economia de até 75% no volume de dados usados para ouvir música. “Só controlamos o preço do Spotify, mas não podemos controlar os limites dos planos de dados dos clientes”, diz Babar Zafar, outro executivo da empresa. “Não queremos que quando usam o serviço eles se preocupem com isso. Estamos ajudando nossos fãs a não estourar seus gastos.”
Diretores do aplicativo não deram detalhes sobre como a expansão da plataforma grátis pode gerar lucro para os artistas, mas disseram que o mercado só deve aumentar com as mudanças e que todo o conteúdo criado em parceria com músicos e gravadoras estará disponível para todos os clientes, não só assinantes que pagam.
Mesmo rendendo menos para a plataforma e os artistas que cedem suas faixas para tocar ali, a ideia de oferecer o serviço de graça para alguns atrai bem mais usuários. O Spotify, com 35 milhões de canções em seu catálogo, tem 159 milhões de clientes, dos quais 71 milhões pagam.
Mas o esforço da plataforma agora é expandir sua base de usuários. Executivos lembram que 60% dos assinantes que pagam se tornaram clientes da versão grátis primeiro e que a maioria deles é jovem. Troy Carter, que gerencia as parcerias do Spotify com artistas, diz que o investimento na versão gratuita do aplicativo, que antes desagradava as gravadoras, agora faz mais sentido do que nunca, porque os usuários mais jovens acabam fazendo deslanchar carreiras e a versão grátis já é mais rentável para a indústria musical.
“É compreensível que alguns artistas precisavam ser convencidos que os usuários de graça eram tão importantes quanto os pagantes. Dez bilhões de vezes por mês alguém ouve uma música de um artista que não conhecia”, afirma Carter. “Essa é a maior rádio da história do mundo.” (Folhapress)
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