Nicole Kidman ganhou um apelido: Rainha de Cannes. Isso porque a atriz deverá cruzar a Croisette, o bulevar que margeia a praia na cidade do sul da França, quatro vezes até o fim do festival.
Ela soma múltiplas produções na atual edição da mostra europeia, duas delas em competição: os filme “O Estranho que Nós Amamos”, de Sofia Coppola, e “The Killing a Sacred Deer”, de Yorgos Lanthimos. As outras são “How to Talk at Girls at Parties”, filme de John Cameron Mitchell fora da disputa, e a série “Top of the Lake”.
“Sempre tive um espírito rebelde, de não me conformar com as coisas”, disse a atriz logo após a exibição para a imprensa do filme de Lanthimos. “Há sempre um risco quando se escolhe o projeto de um diretor, e eu sou a favor de assumi-lo.”
Em “The Killing of a Sacred Deer”, ela faz uma mãe de família afrontada pela presença sinistra do jovem paciente de seu marido (Colin Farrell).
Como nas demais obras do grego Lanthimos, há espaço de sobra para a sordidez das situações. O título -a morte do cervo sagrado- entrega que o filme é, antes de tudo, uma alegoria sobre a ideia do sacrifício.
Na mitologia grega, a morte de um dos cervos da deusa Ártemis desencadeia uma maldição e uma consequente ordem de reparação e é em torno dessa ideia que se orienta o filme.
“A ideia do sacrifício está sempre presente na mitologia, faz parte da humanidade”, disse o diretor, que tem nesse longa mais uma produção que evoca nome de algum bicho. Lanthimos é também diretor de “O Lagosta” (2015) e
“Dente Canino” (2009) -obras que também circulam no plano simbólico e são carregadas de algum senso de violência psicológica.
Ainda que tenha se sentido “hipnotizada” ao assistir ao filme, Kidman diz que não pretende assistir o violento “The Killing of a Sacred Deer” junto de seus filhos. “Eu separo bem a minha vida criativa da minha família”, disse.
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